sexta-feira, janeiro 21, 2005
CLOSER - PERTO DEMAIS (Closer)
Que sensação gostosa é sair do cinema admirado e deslumbrado por causa de um grande filme. CLOSER (2004), de Mike Nichols, é talvez o melhor filme do veterano diretor desde ÂNSIA DE AMAR (1971).
Nunca eu curti tanto um filme adaptado de uma peça de teatro. E o filme tem mesmo cara de teatro, o que geralmente depõe contra, deixando-o cansativo e excessivamente verborrágico. Ao contrário, o que mais encanta em CLOSER são os diálogos, o belíssimo texto de Patrick Marber. Some-se aí a direção de atores estupenda de Nichols, quatro atores em estado de graça e temos uma pequena obra-prima.
A força das palavras é o grande trunfo do filme. Aqui, as palavras são tão importantes quanto os sentimentos ou as carícias ou mesmo o sexo. As palavras ferem mais do que qualquer coisa física quando associadas ao amor. Mesmo o amor frio da personagem de Julia Roberts, que conta ao marido traído (Clive Owen) detalhes do sexo que fizera com o então amante Jude Law. Claro que conversas íntimas sempre são muito interessantes de se ouvir, especialmente se elas estão acontecendo dentro de um início ou fim de um relacionamento.
O que dizer da cena em que Owen, arrasado por ter sido abandonado pela mulher, vai a um clube de striptease e encontra outra alma rejeitada, uma supersexy Natalie Portman? Quem conhece Smiths vai perceber que no momento da excitante e angustiante conversa entre os dois está tocando "How Soon Is Now?", o hino dos rejeitados. Posso estar sendo equivocado, mas já faz uns dez anos que não vejo uma cena tão sensual vinda do cinema americano. Talvez desde os bons tempos de Paul Verhoeven.
Falando em belas canções, a canção que abre e encerra o filme é uma maravilha que captura o estado de espírito do filme: "The Blower's Daughter", de Damien Rice, que eu espero poder baixar e gravar num cd em breve.
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