quinta-feira, agosto 12, 2004

A TORTURA DO MEDO / MÓRBIDA CURIOSIDADE (Peeping Tom)



Ontem finalmente assisti PEEPING TOM (1960) - na dúvida entre quais dos títulos brasileiros usar, melhor usar o título original -, cultuado filme do lendário Michael Powell. Se PEEPING TOM não é tão bem cotado quanto NESTE MUNDO E NO OUTRO (1946) ou CORONEL BLIMP (1943), ele é o mais louvado entre os apreciadores dos filmes de terror e suspense, principalmente os fãs de Alfred Hitchcock e Brian De Palma. Inclusive, UM TIRO NA NOITE, do De Palma, foi bastante influenciado por este filme de Powell.

PEEPING TOM também leva a fama de ter afundado a carreira do diretor, já que o filme foi massacrado pela crítica da época, que ficou horrorizada com a trama do serial killer que fillma a morte de suas vítimas e usa uma lâmina cortante no tripé de sua câmera. A comparação com outro famoso filme de serial killer do mesmo ano, PSICOSE, de Hithcock, é sempre feita. Mas, enquanto Hitchcock solidificou sua carreira com a história de Norman Bates, Powell perdeu a fama de grande diretor que tivera durante as décadas de 40 e 50, com esse filme quase maldito.

Dizem que no dia da première do filme, Powell, ao término da sessão, ficou esperando os convidados para ouvir o que eles tinham a dizer sobre o seu novo trabalho. Ele provalmente esperava muitos elogios. No entanto, ninguém foi falar com ele. Ao contrário, as pessoas ficaram distantes dele, viraram a cara e foram embora. Por isso e pela sucessão de críticas negativas, o filme foi esquecido por quase vinte anos. Até 1979, quando Martin Scorsese ajudou a promover sessões do filme no festival de Nova York, além de restaurações do filme. Hoje ele é considerado um clássico do cinema britânico.

Na história, Mark Lewis (Carl Boehm) é um fotógrafo de cinema que mata suas vítimas flagrando-as no momento de pavor extremo diante da morte. Talvez o filme não tenha sido o sucesso por ter mostrado um vilão tímido e até simpático, em que a platéia podia se solidarizar, já que em certo momento ficamos sabendo que Mark é uma vítima dos experimentos científicos do pai, que o usava como cobaia e o flmava em momentos de medo desde a infância. Agora tem uma coisa no filme que me deixou intrigado: que história é aquela da mulher cega que entra sorrateiramente no laboratório de Mark? Se ela é cega, o que ela vai fazer lá? Talvez a falta de legendas tenha prejudicado a minha compreensão do áudio, mas ainda assim acho aquilo tudo muito estranho.

A linda cópia em divx, enviada pelo amigo Fábio Ribeiro, foi provavelmente ripada do DVD da Criterion. Pelo fato de o filme ter sido lançados nos EUA pela Criterion, as chances de o DVD do filme chegar no Brasil são pequenas. Parece que os únicos da Criterion que chegaram aqui foram os do Tarkovsky, lançados aqui pela Continental.

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