quarta-feira, agosto 11, 2004

FELIZES JUNTOS (Cheun Gwong Tsa Sit / Happy Together)



Odeio quando não tenho nada pra falar sobre um filme. E olha que eu estou falando de um que eu gostei bastante. Ruim enfrentar a tela branca do computador sem saber se o que vai sair vai ser apenas um texto pra cumprir a "obrigação" ou alguma coisa que possa ser interessante, agradável ou polêmica para os leitores. Então vamos lá: o que eu achei de FELIZES JUNTOS (1997)?

Bom, antes de tudo quero dizer que, contrariando a maioria, gosto mais de ANJOS CAÍDOS (1995), dentre os três filmes de Wong Kar-Wai que vi. FELIZES JUNTOS parece ser mais "comum", esteticamente falando. E eu não me senti identificado com os personagens, com as suas solidões e angústias. Não que isso tenha acontecido com ANJOS CAÍDOS ou com AMOR À FLOR DA PELE (2000), mas nesses dois fimes a solidão parecia estar mais impregnada no próprio ambiente. E também não é porque os personagens sejam gays, ainda que eu ache bem pouco atraente ver dois caras se agarrando e se beijando.

Acho que o grande diferencial deste FELIZES JUNTOS é ser menos fragmentado, menos colorido e menos "cool" que os outros dois. FELIZES JUNTOS privilegia mais os personagens, mais os relacionamentos, mais os planos longos do que a estética "videoclipesca", usada e abusada em ANJOS CAÍDOS. Também não parece ser um filme cheio de filtros ou com ângulos de câmera estranhos.

Entre as curiosidades do filme, há a canção "Cucurucucu Paloma", cantada pelo Caetano Veloso na cena em que são mostradas as Cataratas do Iguaçu. A mesma canção que anos depois apareceria no maravilhoso FALE COM ELA, de Pedro Almodóvar. (Teria essa canção alguma coisa ligada ao universo gay? Ou é só coincidência?)

Senti falta no filme dos coloridos de Hong Kong e de Taiwan. A Argentina no filme pareceu um lugar tão desolado, triste e deserto. Curiosamente, no ano de produção do filme, Hong Kong estava deixando de ser colônia britânica para ser de novo parte da China. Isso deve ter dado um nó na cabeça do povo de Hong Kong, hein.

Nenhum comentário:

Postar um comentário