Mudança de planos hoje. A intenção era ver MINHA VIDA SEM MIM pela manhã, mas ao chegar no cinema soube que houve um problema e o filme ficou retido na Secretaria da Fazenda. Não entendi muito bem porque o filme ficou retido. Pra completar, parece que o Pedro Martins, o organizador das sessões de arte, está viajando e tenho impressão que o pessoal da UCI não está muito interessado em resolver o problema. Mas a viagem não foi perdida. Completei a minha coleção de Vagabond, comprei Demolidor #6, e ainda dei uma passada na Distrivideo e peguei três títulos. Ao ver que tinha nas prateleiras um DVD de um filme de Robert Bresson, eu nem pensei duas vezes e o levei.
Depois do meu primeiro Fuller, dessa vez foi o meu primeiro Bresson. Lembro que aqui em Fortaleza teve uma mostra retrospectiva de Bresson há alguns anos, no Espaço Unibanco, mas eu simplesmente não fui ver nenhum dos filmes por pura ignorância. Pena que o filme ficou aquém de minhas expectativas. Falam maravilhas de PICKPOCKET (1959), e eu espero mesmo um dia vê-lo e acredito que seja bem melhor que o filme que eu vi.
Robert Bresson é um cineasta da geração anterior à turma da Nouvelle Vague e um dos preferidos dos Cahiers du Cinema. AS DAMAS DO BOIS DE BOULOUGNE (1944) é o seu segundo longa. Antes de iniciar as filmagens, o diretor estava preso por mais de um ano num campo de concentração alemão, durante a 2a Guerra Mundial. O filme é uma adaptação de um capítulo do livro "Jacques, o Fatalista", de Diderot. O tal Jacques do título do livro só aparece no comecinho do filme. A história lembra um pouco a de LIGAÇÕES PERIGOSAS, com uma mulher (Hélène) tão magoada com a separação do amante (Jean) que planeja uma vingança pra ele. Ela faz com que ele se apaixone por Agnés, uma ex-dançarina de cabaret, sem que ele saiba do seu passado.
Sei não, mas tive impressão que a adaptação da trama para o século XX não foi muito feliz. Não vejo problema em um sujeito namorar ou casar com uma mulher que um dia tenha sido dançarina de striptease, por exemplo. Mas como o filme é dos anos 40, então deixa pra lá. Pode ser que tenha sido adequado pra sociedade da época.
Nos extras do DVD tem uma crítica (incompleta) de François Truffaut de AS DAMAS..., retirado do livro "Os Filmes de Minha Vida". Eis um trecho que me chamou a atenção:
"O trabalho de direção, apesar dos anos, continua extremamente teórico. O próprio Cocteau dizia: 'Isto não é um filme, é um esqueleto de um filme.' As intenções de Bresson, portanto, nos seduzem mais do que sua execução."
Achei meio confuso esse lance de gostar mais das intenções do que da execução. Se o filme é só um esqueleto, ele não está completamente pronto, está? Já que se ele é esqueleto, ele está em preparação pra ficar bem melhor, não?
O DVD foi lançado pela Magnus Opus, que está trazendo ao mercado uma série de filmes franceses pré-Nouvelle Vague. Alguns dos títulos:
PARIS ADORMECIDA, SOB OS TETOS DE PARIS e A NÓS A LIBERDADE (os três de René Clair), A QUEDA DA CASA DE USHER, de Jean Epstein, O ATALANTE, de Jean Vigo, O DEMÔNIO DE ARGÉLIA, de Julien Duvivier, e O MISTÉRIO DE PICASSO, de Henri Clouzot. Alguém recomenda alguns desses títulos?
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