sexta-feira, julho 16, 2004

AGONIA E GLÓRIA (The Big Red One)

 

Ontem finalmente aluguei em vhs AGONIA E GLÓRIA (1980), um dos últimos filmes do cultuado diretor Samuel Fuller. Vergonhosamente esse foi o primeiro Fuller que eu vi. Sei que não é motivo pra eu andar na rua com um saco na cabeça por causa da vergonha, mas pela quantidade de vezes que eu li o Carlão Reichenbach exaltando a obra de Fuller, eu já devia ter ido à procura dos filmes do homem há muito tempo. Falando no nosso estimado Reichenbach, não custa lembrar que ele chegou a fazer brincadeiras em homenagem ao Fuller nos filmes ALMA CORSÁRIA e no ainda inédito GAROTAS DO ABC, já que não era possível trazer o próprio Fuller para fazer uma ponta nos filmes, como Godard fez em PIERROT LE FOU.  Pois bem. O problema é que é muito difícil encontrar os filmes do Fuller nas locadoras. Se eu não me engano, em vhs só existem AGONIA E GLÓRIA e QUANDO OS HOMENS SÃO MAUS (1962), que nem é totalmente creditado a ele e dizem que o resultado não ficou muito bom. Parece que CÃO BRANCO (1982) também saiu  - alguém me confirma? Os seus filmes mais badalados - A LEI DOS MARGINAIS (1961), ANJO DO MAL (1953), CASA DE BAMBU (1955) e O BEIJO AMARGO (1964) - até agora nada de pintarem por aqui. Vamos torcer pra que eles cheguem em DVD em edições caprichadas. Só assim eu vou me sentir privilegiado em estar conhecendo a obra dele em atraso.
 
AGONIA E GLÓRIA conta a história do pessoal da 1a. Divisão da Infantaria, a Big Red One, liderada pelo simpático sargento Lee Marvin e as batalhas contra os alemães nazistas, abrindo caminho a tiros, do norte da África até os campos de concentração na Europa. O próprio Fuller lutou na 2a Grande Guerra e deve ter colocado parte de sua experiência de vida no filme.  Há uma cena que mostra o Dia D, na Normandia, mas o filme de Fuller não mostra corpos mutilados ou tripas expostas, como se pôde ver em O RESGATE DO SOLDADO RYAN, do Spielberg.
 
Não existe uma linha principal na história. É um filme como ALÉM DA LINHA VERMELHA, do Mallick, que destaca o desenvolvimento dos personagens entre as cenas de guerra. Há espaço também para o humor, como na cena do parto de uma mulher dentro de um tanque no deserto. A cena é cômica, mas também é poética, já que simboliza o nascimento de uma nova vida, em tempos de matança de seres humanos em grande escala. Gostei do final meio surreal, mostrando os personagens no limite da loucura, quando chegam nos campos de concentração. E o epílogo é emocionante, mostrando o quanto as pessoas na guerra deixam de ver as outras como indivíduos.  
    

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