sábado, janeiro 31, 2004

ENCONTROS E DESENCONTROS (Lost in Translation)



Acabei de voltar do cinema. Estava tentando escrever sobre o filme nesse momento mas com a minha irmã vendo a novela eu não estava conseguindo me concentrar. Nem o nome do filme eu conseguia me lembrar.

Depois de ter lido tanta coisa a respeito - a maioria, elogios - fui lá conferir o filme da Sofia Coppola esperando algo do naipe de um ANTES DO AMANHECER (1995), do Linklater. Talvez por causa da expectativa, eu não tenha achado o filme a oitava maravilha do mundo. Mas com certeza é ótimo. Especialmente depois que a gente sai do cinema e pensa sobre o que o filme aborda.

ENCONTROS E DESENCONTROS é bem representativo dos tempos em que vivemos. Podia ser em qualquer metrópole cosmopolita, mas o fato de a história do filme ser em Tóquio, amplia ainda mais a coisa. O contraste entre a explosão visual, o excesso de cores e de propaganda nas ruas, como se estivéssemos na internet, e a solidão e a expressão blasé nos rostos das pessoas não encontra paralelos em nenhuma outra cidade. Não que eu tenha estado no Japão, mas é essa a sensação que o filme passa.

O início do filme já mostra uma imagem bonita, que eu não vou falar aqui pra não estragar a surpresa de quem pretende ver.

O rosto fechado e entediado de Bill Murray é sempre uma constante no filme. Em compensação Scarlett Johansson é um achado. (Daqui a pouco vou conferir sua performance em O HOMEM QUE NÃO ESTAVA LÁ no DVD que aluguei ontem. )

Pena eu não ter me identificado com o personagem de Murray. E o problema não é nem com ele não. Lembro que quando vi FEITIÇO DO TEMPO (1993), que tem o Murray, eu me senti um pouco no lugar dele. Mas FEITIÇO DO TEMPO é um dos meus filmes favoritos e talvez eu esteja fazendo comparações injustas.

Uma das cenas que mais gostei no filme da Sofia Coppola, além dos minutos finais ao som de Jesus and Mary Chain, foi a cena do karaokê, com Murray cantando “More than this”. Apesar do tom desafinado, ele deu uma dimensão mais dolorida à canção.

O fato é que com essa super-exposição antecipada dos filmes, com muita gente vendo nas mostras e já falando um monte de coisas do filme antes de ele estrear no circuito comercial, isso deixa a gente com expectativas altíssimas para certas obras. Mas deixa pra lá, a culpa é minha, ninguém me obriga a ler.

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