terça-feira, julho 29, 2003

EVANGELION



Eu sei que já comentei sobre EVANGELION aqui, quando assisti os quatro primeiros episódios. Mas agora que vi a série completa, incluindo o longa-metragem com o final alternativo, senti necessidade de expressar os meus sentimentos em relação a esse sensacional anime. Tudo começou quando o Benuel, colega do curso de inglês, me emprestou os mangás de Neon Genesis Evangelion, atualmente no número 15 e lançado com papel de qualidade pela Editora Conrad. Fiquei fascinado mais pelos personagens, pela psicologia e pelo sentimentalismo do que propriamente pela parte de ficção científica. Mas até esse quesito vai ficando mais e mais interessante, e o mangá Evangelion acabou me conquistando por completo. Foi então que ele me emprestou 8 fitas contendo os 26 episódios mais o longa THE END OF EVANGELION. Infelizmente, não pude conferir três desses episódios porque uma das fitas travou no meu videocassete. Mas isso não chegou a comprometer a compreensão que tive. Aliás, compreensão é uma palavra muito usada quando se fala sobre a série, já que muitas perguntas ficam no ar durante e no final da série.

NEON GENESIS EVANGELION (Shin seiki evangelion)

Pra começar, a canção tema de abertura da série já a torna mais interessante do que o mangá (que não tem música, claro). Já estava até aprendendo a cantar de tão emocionante que é, mas qualquer dia eu pego a canção no kazaa. Outra coisa que torna o anime melhor que o mangá são as cenas de luta com os Mechas (robôs gigantes), que são ótimas. Há todo um cuidado com os traços dos desenhos, que chegam a ficar bem mais estilizados nos dois últimos episódios que, de tão polêmicos, acabaram gerando um final alternativo.

O maior problema para se compreender e montar o quebra-cabeças de Evangelion é que a história já começa quando muitos eventos importantes já aconteceram. E esses eventos são mostrados aleatoriamente em flashbacks ou em citações durante a série. Mas isso é interessante porque nos deixa ver as coisas mais ou menos pelo ponto de vista confuso de Shinji, o nosso herói de 14 anos, que é chamado de uma hora pra outra pra pilotar o Evangelion, o tal robô gigante. Depois descobre-se que o robô não é bem um robô. Evangelion, além de significar "boas novas", uma esperança pra humanidade, mistura as palavras Eva e Angel (anjo em inglês), duas palavras chave para o conceito da obra.

Há várias citações cristãs (evangelho, cruz, os reis magos) e judaicas (Adão e Eva, Lilith, os sefirots), o que não deixa de ser bem curioso, levando em consideração que o Japão não é um país tradicionalmente cristão. É mais adepto do xintoísmo e do budismo.

EVANGELION também aborda a dificuldade de relacionamento entre as pessoas, os traumas de infância, os meios de superá-los ou de escondê-los. Os personagens principais são todos intrigantes. Shinji foi abandonado pelo pai e presenciou a morte da mãe; Asuka, filha de uma mãe louca, tem uma personalidade geniosa e independente; Rei é a garota enigma, nunca ri ou manifesta sentimentos e tem um passado nebuloso; Misato e Ritsuko parecem normais, mas por trás das aparências existe um passado traumático e desilusões amorosas. Gendo Ikari, pai de Shinji, é um homem frio e enigmático, que esconde um segredo bombástico. Literalmente.

No campo da ficção científica há muita coisa interessante. A começar pelo sistema Magi, composto de três computadores com os nomes dos Reis Magos. Os computadores são orgânicos e tem a capacidade de tomar decisões. Lembra na hora o HAL-9000, de 2001: UMA ODISSÉIA NO ESPAÇO (1968), de Kubrick. Depois têm os Evas que também têm estrutura com parte orgânica e parte mecânica e são elaborados com base em estudos de clonagem.

Os dois últimos episódios foram polêmicos por não mostrarem cenas de batalha, por não darem um final com cara de final, por serem um estudo da psicologia dos personagens e de seus problemas, narrados de forma poética. Eles se passam quase que totalmente na mente de Shinji. Eu gostei bastante desse final, mas o final alternativo é sensacional.

THE END OF EVANGELION (Shin seiki Evangelion Gekijô-ban: Air/Magokoro wo, kimi ni)

O fim de Evangelion foi feito para o cinema e tem duração de 87 minutos. Tem a missão de continuar os eventos a partir do episódio 24. Como foi feito para o cinema o filme é mais violento, tem mais sangue. O final é apocalíptico. E faz lembrar - de novo - 2001, do Kubrick. A seqüência da luta de Asuka com um monte de robôs é desesperadora e emocionante. O beijo trágico de Misato, a invasão à sede da Nerv, o "terceiro impacto", a revelação de Rei, a última cena. Putz, a última cena!!! Tudo isso faz de THE END OF EVANGELION uma obra especial, mesmo eu não tendo entendido tudo muito bem. Mas é um filme que exige pré-requisito: ter visto a série. O que não deixa de ser um enorme prazer. Agora é esperar que lancem por aqui em DVD a série completa. Existem duas publicações nas bancas que estão lançando animes em série. Quem sabe Eva não entra na história?

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