terça-feira, junho 29, 2010
SEIS CURTAS (MOSTRA OLHAR DO CEARÁ)
E o Cine Ceará deste ano já acabou pra mim. Resumiu-se a um longa-metragem da mostra do Ruy Guerra - FÁBULA DA BELA PALOMERA, que deixarei para comentar em outra ocasião - e aos seis curtas vistos na Mostra Olhar do Ceará. Sequer pus os pés no Cine São Luiz, mas suspeito que o festival esteja sendo prejudicado pela Copa do Mundo. Além do mais, bem que a produção do festival podia ter colocado alguma coisa na programação da noite de sábado, que ficou ociosa, não sei por quê. O fato é que desde que o festival passou para ibero-americano que eu deixei de ter tanto interesse. Gostava quando eram só filmes brasileiros. Os filmes estrangeiros e de diretores desconhecidos são um tiro no escuro. E como eu quase sempre encarei o festival mais como um evento social, quando não tenho companhia para ficar esperando os curtas e os longas da noite, acabo me desestimulando e prefiro ficar em casa mesmo.
Foi a primeira vez que vi os curtas da Mostra Olhar do Ceará. E a razão de eu ter ido foi um filme dirigido por uma amiga, na programação de domingo. Não tinha até então prestigiado esses curtas, até por certo preconceito, já que eles são os que não passaram pelo crivo do júri para exibição na mostra competitiva, mas que conseguem espaço para exibição numa sala menor, no caso, do Espaço Unibanco Dragão do Mar. Vamos por ordem de exibição, então.
ROCHEDO DE MIM
Filmado em beta, talvez seja o tipo de filme que seria melhor apreciado se produzido numa bitola de qualidade superior. De preferência, película. Isso porque no final há um plano geral de uma casa e arredores que dura aproximadamente uns cinco minutos com a câmera estática. Como não dá pra ver direito o que está acontecendo nos mínimos detalhes, a impressão é de que não está acontecendo nada. Bom, a verdade é que eu não entendi o filme. Direção de Bárbara Villa.
NO CASO NÃO USE
Outro experimental, com duração de apenas um minuto. E com tal duração, não dá nem pra comentar nada, a não ser que é um filme sobre a visão do todo em detrimento da visão da parte. Ou não? Direção de Alex Fedox.
PRETO QUENTE COM BURACO NO MEIO
Sem dúvida, o mais engraçado da seleção. Não sei porque um filme desses não é aprovado para a mostra competitiva. Emula os filmes mudos, inclusive com o uso do preto e branco e das cartelas com diálogos. Que poderiam ter passado por uma revisão ortográfica para corrigir alguns erros. Mas o filme comunicou muito bem com a plateia, que riu e gargalhou com as piadas. No enredo, uma mulher bonita pede para um homem simples da roça reformar a sua casa, caindo aos pedaços. Ela não tem dinheiro, mas poderia pagar com outra coisa. O homem ficou logo animado com as características do pagamento: preto, quente, com um buraco no meio. Um tipo de curta que eu gostaria de ter uma cópia para mostrar para os amigos. Direção de Beto Gaudêncio.
AÉLIO CULTURA NA RUA
Típico trabalho de incentivo a pessoas que moram em periferia e que deveriam canalizar suas energias para o trabalho ou a arte. Vemos o caso de um rapaz do bairro do Barroso, em Fortaleza, que se dedica ao grafite. Um trabalho que não diz muito mais do que o óbvio, apesar das boas intenções. Direção de Ednaldo Felipe de Sousa.
O CINECLUBISMO NO BRASIL POR: FELIPE MACEDO
São treze minutos de monólogo com Felipe Macedo, estudioso dos cineclubes no Brasil. Tem o seu interesse, principalmente para os interessados na história e nos principais cineclubes do Brasil. Ele cita, inclusive, alguns cineastas que foram "formados" dentro de cineclubes e não em cursos de cinema. É um curta que começa a ficar chato antes dos dez minutos. Direção de Alex Fedox.
AS COISAS SÃO BONITAS NOS OLHOS DE QUEM ACHA
E finalmente chegou o tão aguardado curta de Juliana Chagas. Já tinha visto em sessão privada, mas ver no cinema, com um público diverso e estranho, sala lotada com gente em pé e outros sentados no chão, é outra coisa. É a prova de fogo do trabalho em relação ao público. E que bom que Dona Dica (foto), a protagonista do curta, estava lá presente. E pôde ver as reações calorosas não só dos vários amigos da diretora que estavam lá presentes para prestigiar o trabalho, mas também de outras pessoas que riram e se divertiram com essa figura tão carismática. Dona Dica é uma artesã. Faz bonecas bem fora do convencional na cidade de Guaramiranga. O curta fecha com Dona Dica cantando "Boneca Cobiçada", do repertório de Milionário e José Rico. Para eu não me repetir, quem quiser ler mais detalhes sobre o curta, é só dar uma olhada nos arquivos do mês de maio. Mas vale dizer aqui que o trabalho de Juliana Chagas foi ovacionado com o maior número de palmas, assovios e gritos de u-hú do público no final. Emocionante.
No mais, foi muito bom encontrar os amigos em comum com a Juw: Valéria, Davi, Elis, Manoel, Daniel, Max, Zezão e Deise. Babita e Erika chegaram atrasadas e não pude vê-las, pois saí de fininho com parte da turma, que estava a fim de ver o jogo da Argentina. Mas, se não vi a Babita, não tive como não reconhecer as suas gargalhadas durante os melhores momentos da sessão. :)
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