sábado, novembro 20, 2021
LOCKE & KEY – SEGUNDA TEMPORADA (Locke & Key – Season Two)
Quando vi que passei praticamente uma semana sem postar no blog, percebi mais uma vez que o tempo dedicado ao trabalho, por mais que tenha sido enriquecedor, também me tira muito da energia que preciso para me dedicar a escrever sobre os filmes (e as poucas séries) que assisto. Optar por cochilos agradáveis e revigorantes em vez de gastar o tempo com os textos também tem sido um dos motivos. Enfim, vamos ver se consigo, então, escrever um pouco sobre uma das séries mais legais que vi nos últimos dias, a segunda temporada de LOCKE & KEY (2021), que consegue me ganhar, mesmo sendo mais uma obra de fantasia do que de horror. De todo modo, o horror acaba por ser um elemento que me encanta e me atrai. Além do mais, gosto dos personagens.
Também gosto do próprio conceito e do espírito da série, que me faz remeter a algumas histórias que assistia quando criança no SÍTIO DO PICA-PAU AMARELO, um verdadeiro manancial de contos fantásticos para crianças e adolescentes. (É possível que essa tenha sido a primeira vez que fiz referência à criação de Monteiro Lobato aqui no blog, o que é um absurdo.) O uso criativo das diferentes chaves pelos personagens é fascinante. Quando vi, por exemplo, a chave minúscula que dá acesso a uma versão em miniatura da própria Key House, fiquei encantado. E daí vem aquela cena da aranha gigante, que parece ter saído de alguma ficção científica dos anos 1950 ou de alguma Sessão da Tarde que vi na infância.
Na trama, ao final da primeira temporada (2020), os irmãos Tyler (Connor Jessup), Kinsey (Emilia Jones) e Bode (Jackson Robert Scott) acreditam que estão livres do demônio Dodge, que aparecia na versão feminina (Laysla De Oliveira), mas que agora habita o corpo do amigo da família e agora namorado de Kinsey, Gabe (Griffin Gluck). E isso foi uma escolha muito acertada da trama, já que tanto Gluck faz uma excelente caracterização do vilão principal, quanto há o perigo de o mal estar ali pertinho, sem que a família saiba, pelo menos até determinada parte da trama. Enquanto eles estão alheios a essa informação, a série se mostra bem angustiante. Mesmo quando o inimigo passa a ser conhecido, a situação continua tensa. Destaco um episódio em especial, “O Labirinto”, cheio de tensão e perigo. Pena que depois desse episódio a temporada caia um pouco na qualidade e começa a se encaminhar para um final apressado e mais preocupado com o fim do que com o desenvolvimento.
LOCKE & KEY, especialmente nesta segunda temporada, é uma série sobre o fim da magia com a chegada da vida adulta. A memória das chaves e daquele universo mágico vai desaparecendo da lembrança das pessoas, à medida que elas se aproximam dos 18 anos de idade. Assim, há situações que remetem ao Alzheimer, que é quando os adultos veem uma situação fantástica, mas logo se mostram confusos e perturbados quando aquilo vai desaparecendo de sua memória. O efeito mais perturbador é o da namorada de Tyler, quando ele a leva para a Inglaterra usando a chave de qualquer lugar. A garota é alguns meses mais velha que ele e está começando a ficar adulta.
Nesse sentido, a entrada em cena do tio dos garotos na aventura seria uma espécie de permissão para que ele adentrasse aquele universo mágico junto a eles, se a recuperação da memória do tio não fosse tão importante para salvá-los – e salvar também a mãe, ameaçada de morte por Dodge, aqui muito mais malvado do que na primeira temporada.
Agora é esperar que a série se mantenha bem na já confirmada terceira temporada. Que pode ou não contar com a presença de Tyler. Será que não? De todo modo, minha personagem favorita é mesmo Kinsey. E agora que Emilia Jones meio que adentrou o primeiro escalão de Hollywood, com o delicioso NO RITMO DO CORAÇÃO, ela se torna uma aquisição ainda mais valiosa para a série.
+ DUAS MINISSÉRIES
O CINEMA E AS CIDADES
Gostaria muito que um projeto como este fosse copiado por outras cidades. É muito gostoso acompanhar, mesmo que em um registro tradicional de documentário (talking heads, cenas de filmes, com seus títulos e nomes de realizadores e técnicos e alguns atores). Mas eu diria que não é um formato que deva ser abandonado. Acho muito importante saber o filme que está sendo mostrado, nos ajuda a compreender a obra e também a nos interessar por alguns desses trabalhos que ficaram muito restritos ao Rio Grande do Sul. A ideia de O CINEMA E AS CIDADES (2021), de Eduardo Wannmacher, é apresentar e discutir 20 filmes que servem como representações da cidade. A distribuições deles através dos quatro episódios é de natureza temática, não obedecendo a uma ordem cronológica. O que me pareceu acertado. Alguns poucos eu vi, inclusive no cinema, mas já são de um momento de intensa atividade de nossos filmes e uma melhor exposição no circuito nacional. Ainda assim já apresentam um tipo de prenúncio do que se tornaria a Porto Alegre um tanto abandonada e hostil, como é o caso de CASTANHA (2014) e de TINTA BRUTA (2018). Também achei curiosa a opção por escolher filmes menos óbvios de certos diretores mais consagrados, como é o caso de INVERNO (1983), do Carlos Gerbase, ou ÂNGELO ANDA SUMIDO (1997), um dos poucos inéditos para mim de Jorge Furtado. Fiquei na pilha para ver o curta QUEM? (2000), de Gilson Vargas, mas principalmente por ser fã de Julio Andrade; ou o doc sobre Caio Fernando Abreu, SOBRE SETE ONDAS VERDES ESPUMANTES (2013); ou aquele com o Osmar Prado, AMORES PASSAGEIROS (2012). No mais, gosto de como o cinema gaúcho é aparentemente mais cosmopolita e mais ligado à capital, coisa que o cinema cearense demorou a ser, com sua tradição de olhar mais para o sertão (não que isso seja um problema, mas temos uma cidade enorme e muito complexa para explorar).
SCENES FROM A MARRIAGE
E depois de muito torcer o nariz por uma versão americana de CENAS DE UM CASAMENTO, de Ingmar Bergman, até que o resultado de SCENES FROM A MARRIAGE (2021) foi bastante positivo. É possível perceber como as mudanças na sociedade repercutem na troca de papéis que acontece entre o casal. O responsável pela direção dos episódios e pelos roteiros é o israelense Hagai Levi, o criador da série BE’ TIPUL (2005-2008), que deu origem ao remake EM TERAPIA (2007-2010), pela HBO. A maior força desta minissérie está em Jessica Chastain e Oscar Isaac, o casal em crise. Excelentes os seus desempenhos. Uma coisa que diferencia esta minissérie da original é a brincadeira metalinguística de mostrar os atores chegando no set, como se quisesse enfatizar o caráter teatral, ou nos lembrar que aquilo é uma representação. Por sorte, nos vemos muitas vezes apegados o bastante para nos esquecermos disso. O melhor episódio é certamente o quarto (o penúltimo), mas gosto de como a minissérie termina.
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