quarta-feira, janeiro 16, 2019

15 CURTAS BRASILEIROS

ESTAMOS TODOS AQUI

Pungente retrato da miséria e da luta de um grupo de pessoas que vive em barracos prestes a serem derrubados pela prefeitura. Foco em duas personagens LGBTs que precisam lutar ainda mais que as demais para ter um emprego ou um meio decente de sobrevivência. Há um ótimo trabalho de som. Direção: Chico Santos e Rafael Mellin. Ano: 2017. SP.

GUAXUMA

Quando a técnica e a delicadeza se unem para produzir uma obra de encher o coração. Como gosto muito de coisas que lidam com a memória, o filme acabou falando muito para mim, embora seja uma história bem pessoa da diretora. Ela contou com a ajuda de gente muito boa e também teve ideias muito boas para contar essa história com os mais diferentes meios de se fazer animação. Prêmio de melhor curta do júri Aceccine. Nara Normande. Ano: 2018. PE.

IMAGINÁRIO

Uma seleção de imagens e uma seleção de comunicados oficiais da história política do Brasil. Dá um certo mal estar em pensar que a nossa história gira em círculos, mas o fato de podermos estar vendo este filme com um pouco mais de consciência ajuda, até pelo prazer estético, pela inteligência com que foi pensado este filme. Direção: Cristiano Burlan. Ano: 2018. SP.

INCONFISSÕES

Uma sobrinha que faz uma espécie de recorte da vida do tio homossexual a partir de fotografias íntimas de sua vida antes e principalmente durante a estadia nos Estados Unidos. As cartas e as trocas de afeto são bem bonitas e dá o que pensar no quanto a vida pode ser um túmulo também depois que a pessoa morre. Direção: Ana Galizia. Ano: 2018. RJ.

KRIS BRONZE

Muito bacana esse universo do bronzeamento com fita, que eu só fui saber que existia graças à Anitta. O filme tem um olhar observador, como um documentário (seria um documentário), mas tem essa cara desses novos trabalhos contemporâneos, com cara de ficção, que trazem os personagens interpretando a si mesmos. Direção: Larry Machado. Ano: 2018. GO.

LIBERDADE

Não lembro onde foi que eu vi (foi em algum filme) que todo dia a gente aprende alguma coisa. Às vezes tem dias que eu acho que não aprendo nada. De todo modo, o que eu quero dizer é que neste Liberdade, dá pra, além de curtir o filme como obra de arte, também aprender sobre a história do bairro da Liberdade, em São Paulo. Coisas que eu não sabia, nem meus amigos de lá me disseram. O filme acompanha um rapaz africano em sua condição de estrangeiro no Brasil, em um bairro que antes abrigava mais asiáticos e que agora também tem abrigado gente de outros lugares do mundo. Direção: Pedro Nishi e Vinícius Silva. Ano: 2018. SP.

MESMO COM TANTA AGONIA

Um filme que procura captar a angústia da existência humana, mesmo quando alguns momentos são aparentemente de alegria, como é o caso da cena do aniversário da filha. Ou a saída para casa para pegar o metrô com a colega de trabalho. Direção: Alice Andrade Drummond. Ano: 2018. MG.

NOME DE BATISMO - ALICE

O fascínio de procurar saber mais sobre suas origens. Ainda mais sendo essas origens tão escondidas, como no caso da família da diretora, vinda de Angola. O filme acompanha sua viagem ao país de seus antepassados e sua tentativa de entender sua história. Há coisas um tanto sombrias, como a questão de sua família ser real e escravizar outros. Há o questionamento sobre como seria Angola antes da evangelização. Direção: Tila Chintunda. Ano: 2018. PE.

NOVA IORQUE

Bom ter uma atriz como Hermila Guedes para dar mais força e credibilidade às interpretações. Mas o filme também deve muito à sensibilidade da direção e ao ator mirim. Seu personagem acha uma caixa de música que lhe desperta a curiosidade e o aproxima da professora. Filme sobre sonhos e desencantos feito com muito carinho. Queria um desenlace mais impactante, mas do jeito que ficou está bem bom. Vale também destacar a edição. Mal dá pra sentir a duração. Direção: Leo Tabosa. Ano: 2018. PE. (Foto)

O ÓRFÃO

Filme bem redondo na condução narrativa e bem comovente na história do garoto que é levado do orfanato para tentar a sorte com um casal. Há um subtexto gay na história, mas é melhor não saber muita coisa antes de ver. Ótima participação de Clarisse Abujamra. Direção: Carolina Markovicz. Ano: 2018. SP.

PLANO CONTROLE

Um barato isso aqui. A ideia é bem inventiva e envolve viagens no tempo e no espaço. Como adoro essas coisas e o filme tem um senso de humor muito afiado e inteligente, me diverti à beça. Interessante o fato de ser a mesma diretora de Baronesa, que tem um senso de humor tão diferente. Direção: Juliana Antunes. Ano: 2018. MG.

REFORMA

Um rapaz gay e gordo incomodado com sua gordice e as dificuldades em manter relacionamentos estáveis. O filme é bom tanto nas cenas íntimas dele com os parceiros, quanto nas conversas que ele tem com a melhor amiga. Direção: Fábio Leal. Ano: 2018. PE.

CALMA

O próprio título do filme meio que pede paciência por parte do espectador, devido ao andamento bem lento da narrativa. Há uma bela sequência inicial, de uma mulher caminhando até uma casa pobre que é impressionante na construção do desenho de produção. E depois o filme se detém em explicitar o seu caráter de distopia brasileira, fazendo pontes com acontecimentos absurdos recentes e um futuro destruidor que pode estar se avizinhando. Direção: Rafael Simões. Ano: 2018. RJ.

CONTE ISSO ÀQUELES QUE DIZEM QUE FOMOS DERROTADOS

Vejo mais méritos neste filme como gesto político, como expressão de resistência, do que como cinema mesmo. Durante a metragem fiquei pensando no quanto certos curtas, ou a maioria dos mais sérios, são muito mais difíceis de digerir em grande quantidade do que longas. Mas isso vale para contos em oposição a romances também, creio eu. Direção: Aiano Bemfica, Camila Bastos, Cris Araújo e Pedro Maia de Brito. Ano: 2018. MG/PE.

RETIRADA PARA UM CORAÇÃO BRUTO

Um desses filmes bem singulares, que enganam pelo que mostram a princípio. É a história de um senhor que perdeu sua companheira e que tenta levar a vida mesmo assim. Mas aí a trama segue por caminhos inusitados. Tá na cara que o diretor adora um rock. Direção: Marco Antônio Pereira. Ano: 2017. MG.

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