quinta-feira, dezembro 14, 2017

OITO DOCUMENTÁRIOS

Acho que já deu pra perceber que eu perdi o controle dos filmes vistos x filmes comentados no blog. Já me disseram para relaxar, falar apenas sobre os títulos que me inspiram e tal, mas eu não me conformo quando vejo aquela listona gigante, que ainda está menor do que realmente é, por causa da perda de arquivos em uma virose cibernética. Enfim, falemos de alguns documentários vistos este ano e que poderiam ter tido mais espaço se o corpo aguentasse e o tempo permitisse.

DANADO DE BOM

Delícia de documentário que fala da história de um homem importante na história da música brasileira, mas que é praticamente esquecido. João Silva é um compositor de várias canções conhecidas. Eu mesmo nem sabia dele. João ficou famoso como um grande parceiro de Luiz Gonzaga na fase tardia do Rei do Baião e posteriormente fez músicas para muitos cantores e cantoras do Brasil. "Danado de bom" e "Pagode russo" devem ser as suas mais famosas. Alguns momentos são uma viagem, outros despertam um bocado na gente a tal nordestinidade. Mas o que mais encanta mesmo em DANADO DE BOM (2016), de Deby Brennand, é a graça de João Silva, sua esperteza e suas histórias pessoais, o modo como ele não se importa em falar sobre suas falhas, por exemplo.

GERMAN CONCENTRATION CAMPS FACTUAL SURVEY

Provavelmente o documentário GERMAN CONCENTRATION CAMPS FACTUAL SURVEY (2014) não seria tão comentado se não fosse a assinatura de Alfred Hitchcock como um dos diretores - o outro se chama Sidney Bernstein. Diziam que Hitchcock havia dirigido apenas dois filmes de horror, PSICOSE (1960) e OS PÁSSAROS (1963). Podemos dizer agora que são três, com este documentário lançado em versão estendida com imagens terríveis dos campos de concentração, de cadáveres espalhados, um horror inacreditável, de gente sendo resgatada à beira da morte por inanição e outras doenças. A maldade humana não tem limites. E é bom que as pessoas vejam isso, ainda mais nesses tempos de volta de neonazismo por parte de alguns idiotas por aí. O filme pode não ter a poesia de NOITE E NEBLINA, de Alain Resnais, mas creio que é porque é para ser duro e cru mesmo.

UM FILME DE CINEMA

É um filme meio torto, meio sem saber direito que caminho seguir. Aquela história de colocar o elenco de CINEMA PARADISO parece um enxerto. Vale mais pelas palavras dos vários cineastas sobre teorias e visões particulares do cinema, mesmo que nem sempre excitantes. Mas é muito bom ouvir o Julio Bressane, por exemplo. Bem interessante, principalmente para quem estuda cinema, ter a oportunidade de ver UM FILME DE CINEMA (2017), o mais novo trabalho de Walter Carvalho. Claro que com tanta gente boa envolvida a gente esperava algo melhor. Acaba sendo mais uma obra com pretensões que não se cumprem.

JERRY BEFORE SEINFELD

Certamente só vai interessar aos fãs de Jerry Selfeld. O que é o meu caso. Algumas piadas funcionam melhor, algumas são velhas conhecidas. A melhor parte é mesmo as cenas do Jerry fazendo stand-up comedy mesmo. A parte de contar a história da vida dele acabou ficando bem superficial. E talvez ele não quisesse contar mesmo muitos detalhes. JERRY BEFORE SEINFELD (2017), de Michael Bonfiglio, é uma produção original da Netflix. Mesmo não sendo tão bom, os fãs de Seinfeld, o homem e a série, agradecem.

EXODUS - DE ONDE EU VIM NÃO EXISTE MAIS (Exodus Where I Come from Is Disappearing)

Difícil se envolver com qualquer um dos sete personagens escolhidos, o que pra mim já é um grande problema deste filme que pretende ser poético e grandioso (na produção, sem dúvida é), mas que acaba incomodando, inclusive com a narração do Wagner Moura (mesmo sendo econômica e espaçada). Acho que o personagem mais interessante é o palestino. Daria um bom filme se fosse só a história dele. EXODUS - DE ONDE EU VIM NÃO EXISTE MAIS (2017), de Hank Levine, é uma obra que se perde em sua vontade de ser grandioso. Melhor mesmo é ver o novo trabalho de Aki Kaurismäki, O OUTRO LADO DA ESPERANÇA, que conta uma história parecida com a de um dos personagens deste documentário.

A GENTE

Muito boa essa busca de transformar o conteúdo documental em um drama tenso. É assim que vemos A GENTE (2013), trabalho de Aly Muritiba que demorou a entrar em nosso circuito depois de ter sido exibido em Brasília. Quem reclama da própria profissão é bom dar uma olhada neste filme. Ser agente penitenciário é um inferno na Terra, hein.. E olha que essa penitenciária aí de Curitiba deve ser melhor do que muitas outras espalhadas pelo Brasil. As cenas exteriores da prisão também ajudam a pensar nisso, já que o protagonista é um obreiro de uma igreja evangélica e, do jeito que é mostrada sua rotina, suas horas de lazer parecem tão incômodas e opressoras quanto as horas de trabalho.

A CIDADE É UMA SÓ?

Não sei se um dia eu vou entrar em sintonia com o cinema do Adirley Queirós. De todo modo, achei mais interessante este do que BRANCO SAI, PRETO FICA (2014). A cena do candidato pobre passando pelo comício da Dilma compensa um monte de passagens pouco envolventes. De todo modo, vale demais a pena poder ver A CIDADE É UMA SÓ? (2011), principalmente no cinema, que foi o meu caso. Visto com mais distanciamento, o filme cresce na memória e até dá vontade de rever com mais carinho.

CÂMARA DE ESPELHOS

Na primeira vez que CÂMARA DE ESPELHOS (2016), de Dea Ferraz, passou em Fortaleza eu não dei muita bola. Que besteira que eu fiz. A exibição com debate deve ter sido bem interessante. Mas o filme sozinho já se basta sem precisar fazer muita coisa além de colocar vários homens em um sofá numa sala para falar sobre diversos assuntos relacionados à mulher. É machismo a dar com pau, coisas absurdas que até alguns homens vão se sentir incomodados. Pode não ter sido tão feliz na montagem, mas de algum jeito a diretora tinha que coletar o seu material.

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