A segunda temporada de MR. ROBOT foi tão confusa e cheia de perguntas que ficaram no ar (se é que dava pra fazer perguntas a certa altura) que o criador Sam Esmail e seus parceiros de crime só tinham mesmo que responder várias destas nesta terceira temporada (2017), que é bem mais acessível. Por mais que seja decepcionante se comparada à sensacional primeira temporada, esta terceira consegue diminuir um pouco da estranheza e dos planos muito distantes e focar na trama e em momentos de suspense.
Melhor exemplo não há do que no episódio 5 ("eps3.4_runtime-error.r00"), que tem um longo plano-sequência que nos deixa zonzos e maravilhados. No tal episódio, Elliot acorda desmemoriado, já que ele virou uma espécie de Dr. Jeckyl na comparação com O Médico e o Monstro. Agora, sua intenção é evitar que o estágio 2, que tudo indica que será a explosão do prédio da ECorp em Nova York, se concretize, segundo os supostos planos da Dark Army, que talvez tenham sido planejados pelo seu alter-ego do mal Mr. Robot. É um baita de um episódio, sem dúvida.
Depois desse, a temperatura esfria um pouco, mas novidades não faltam na temporada. Há um episódio dedicado exclusivamente a Tyrell. Finalmente ficamos sabendo todos os detalhes de seu desaparecimento. Assim, é um episódio que volta no tempo para os eventos que ficam num limbo entre a temporada 1 e a 2. Tyrell não é o mais simpático dos personagens, além de ser um assassino frio, mas neste episódio ele ganha um pouco mais de simpatia, até pelo sofrimento por que passa. Nisso vale destacar o excelente trabalho de Bobby Cannavale, no papel de um homem cruel que está pronto para limpar toda a sujeira que a Dark Army executa. Grande papel.
Já Grace Gummer, como a agente do FBI Dominique DiPierro, continua sendo uma ótima escolha e uma das melhores aquisições desde a temporada passada. Seus melhores momentos são nos episódios finais: o primeiro deles em uma cena íntima com Darlene (Carly Chaikin); e o segundo no episódio em que ela descobre o traidor no FBI, a pessoa que estava trabalhando com a Dark Army. O episódio é tenso e é um dos poucos momentos em que nos importamos com os personagens, coisa que estava sendo um problema até então, dado o distanciamento com a que a série parece tratar seus personagens e seu próprio enredo. Talvez por sua intenção em parecer ousado na forma.
Mas o que importa é que a série termina de maneira bem satisfatória e com um espaço para novos horizontes e possibilidades para os personagens principais, Elliot (Rami Malek), Angela (Portia Doubleday), Darlene e agora também uma amarga agente Dom. Christian Slater como o Mr. Robot continua apenas ok, mas como ele é um personagem necessário para a série, não dá para descartar de jeito nenhum. Coisa que pode muito bem ser feita com Tyrell. Os chineses da Dark Army também já encheram o saco e poderiam ser deixados de lado por novos antagonistas.
Aliás, ainda acho uma pena que a série tenha abdicado de seu lado transgressor e anticapitalista. Estava bom demais para ser verdade. Mas é o preço de uma revolução e da maturidade que ela traz quando muitas pessoas são prejudicadas com os atos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário