sexta-feira, novembro 24, 2017

NOSSAS NOITES (Our Souls at Night)

Hoje a notícia do casamento da mãe de uma amiga minha me fez lembrar deste filme que eu vi há algumas semanas. Também me fez lembrar de meu avô, que depois que minha avó morreu tratou de seguir em frente e não quis ficar sozinho: casou-se de novo. A solidão deve doer mais na terceira idade. Ainda não cheguei lá para saber, mas do jeito que o tempo passa rápido não deve demorar tanto assim. Pois bem. O filme em questão é NOSSAS NOITES (2017), de Ritesh Batra, lançado direto no Netflix.

O diretor indiano tem em seu currículo outra história de amor belíssima, LUNCHBOX (2013), envolvendo amor por correspondência. Em NOSSAS NOITES temos um homem e uma mulher, ambos idosos, ambos viúvos, que começam a dormir juntos. É até estranho falar a palavra "idoso" quando estamos falando de Robert Redford e Jane Fonda, mas acho que eles não se importariam. Até porque já assumiram o efeito do tempo. Redford, inclusive, parece curtir bastante suas rugas.

Na trama, Jane Fonda é Addie Moore, uma mulher que resolve ser direta. Vai até a casa de seu vizinho Louis Walters (Robert Redford) e faz a proposta: ele topa ou não topa passar a dormir na casa dela, pelo menos para efeito de experiência? A ideia nem é fazer sexo, mas apenas ter alguém junto na cama, para conversar antes de dormir, alguém que seja interessante. E ela acha Louis interessante. O sexo, o amor, e tudo o mais poderiam aparecer depois, se tudo funcionasse.

Louis fica um pouco chocado com a proposta, mas depois de muito pensar resolve entrar na casa de Addie, ainda que inicialmente pela porta dos fundos. É muito bom ver como o filme lida com a relação dos dois, esse tatear em busca de uma intimidade que nem existia antes, mas que deve passar a existir à medida que eles forem se conhecendo. Esse tipo de relação é mais comum do que se imagina e é feita por pessoas que sabem que não têm tempo a perder. Os mais jovens têm a mania de deixar escapar o tempo, gastando a energia bestamente.

NOSSAS NOITES não inventa a roda e não é uma história de amor fora do comum, do ponto de vista formal. Mas é tão bem conduzida em sua narrativa, com o cuidado já conhecido por Batra com as palavras e os silêncios, que vale ver. Além do mais, estamos falando de um filme estrelado por dois dos maiores astros da Nova Hollywood. Os dois já haviam trabalhado juntos em outros três trabalhos: CAÇADA HUMANA (1966), de Arthur Penn; DESCALÇOS NO PARQUE (1967), de Gene Saks; e O CAVALEIRO ELÉTRICO (1979), de Sydney Pollack. Não vi nenhum dos três. :/

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