segunda-feira, abril 17, 2017
GIRLS – A SEXTA TEMPORADA COMPLETA (Girls – The Complete Sixth Season)
E uma das séries mais marcantes dos novos tempos chegou ao seu fim. Poderíamos dizer que GIRLS seria uma versão feminina de ENTOURAGE (2004-2011). Ou uma versão mais explícita de SEX AND THE CITY (1998-2004), por também tratar da vida de quatro mulheres, mas a verdade é que se trata de algo completamente diferente, diferente da série dos rapazes de Hollywood, diferente da série das mulheres ricas de Nova York.
O que vemos aqui são quatro moças que são apresentadas a nós no início dos seus vinte e poucos anos. Tão inseguras talvez quanto um adolescente e tão irritantes também, embora possam ser adoráveis e enternecer nossos corações à medida que vamos conhecendo cada uma delas, em seus dramas individuais. Lena Dunham, a criadora e protagonista da série, como Hannah, é o centro das atenções, embora com o tempo a criadora dê espaço para seus colegas brilharem.
Inclusive, talvez o melhor dos episódios da série seja um todo centrado em Marnie (Alisson Williams). Trata-se de "The panic in Central Park", da quinta e melhor de todas as temporadas. Esta sexta e última (2017) não tem a intenção de superar a obra-prima que foi a anterior, mas há vários episódios que brilham e que trazem discussões muito pertinentes aos dias de hoje.
O que dizer de "American bitch", no qual Hannah vai até a casa de um famoso autor que ela admirava, mas que foi alvo dela em um site feminista? O escritor estava envolvido em um escândalo em que se dizia que ele assediava garotas universitárias durante as turnês promocionais de seu livro. A relativamente longa e muito interessante discussão entre os dois personagens é o grande destaque deste tão diferente episódio, feito sob medida para os dias atuais, em que o tema do assédio e do abuso têm sido pontos fortes.
Se GIRLS já era uma série mais ou menos feminista, com "American bitch" esse posicionamento se torna mais claro ainda. É o tipo de episódio que pode ser visto separadamente, por alguém que apenas tem curiosidade pelo assunto em questão e não necessariamente quer se envolver com o universo da série. Para aqueles que desejam, porém, talvez o episódio mais poderoso seja "What will we do this time about Adam?", em que Hannah tem um reencontro com o seu ex-namorado (Adam Driver), depois de já ter vencido a dor de ter sido trocada por Jessa (Jemima Kirke), que nesta temporada ganha menos espaço em cena e mais antipatia dos espectadores, com ares de megera e bem menos glamour. E isso até pode ser visto como uma falha, já que beneficia Hannah, na comparação.
Quem ganha também episódios especiais na nova temporada é Elijah (Andrew Rannells), o amigo gay e roommate de Hannah, sendo o principal deles "The Bounce", sobre sua tentativa de ser ator de uma peça da Broadway. Ele também está bem presente em "Gummies", episódio focado na mãe de Hannah e seu processo de aceitação da nova fase, após a separação do marido que saiu do armário.
O episódio final, "Latching", que mostra a confrontação de Hannah com as responsabilidades da vida adulta e com o bebê, é dos mais estranhos, contrariando tudo o que se esperaria de uma series finale. Como um amigo muito bem disse: está mais para um epílogo; o penúltimo episódio, "Goodbye tour", é o que tem mais cara de final mesmo, já que é o último a reunir as quatro amigas. Ou ex-amigas. Afinal, a vida não é mesmo como uma telenovela.
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