sexta-feira, março 31, 2017
O FANTASMA DO FUTURO (Kôkaku Kidôtai / Ghost in the Shell)
Ultimamente andei tentando terminar de ler o mangá Ghost in the Shell, aproveitando o lançamento em formato de luxo da obra de Shirow Masamune. Mas, como trata-se de uma obra relativamente extensa e cheia de notas de rodapé do próprio autor e, como eu ando um pouco ocupado e sem saber organizar direito minha vida, estou levando mais tempo do que o normal para concluir. O ideal seria ter terminado de ler o mangá antes de rever a animação O FANTASMA DO FUTURO (1995) e também antes de ver a versão americana em live action A VIGILANTE DO AMANHÃ – GHOST IN THE SHELL (2017), que entrou em cartaz esta semana no país.
Ao menos os dois filmes foram finalizados, ainda que em ordem inversa, e com um pouco de sono, ocasionados por outra crise de laringite alérgica, que, aliás, é outro dos motivos de eu não estar conseguindo ver muitos filmes e séries em casa ou ler muitos livros e quadrinhos. Uma vez dadas as devidas e desnecessárias desculpas, vamos ao filme.
Trata-se de uma obra no mínimo bastante intrigante, que aproveita um mangá cuja ambientação é futurista e cyberpunk, mas que guarda muitas semelhanças com enredos policiais. Até porque a personagem principal e seus colegas pertencem a um esquadrão responsável por combater crimes cibernéticos. E é em meio a esses crimes e a algumas situações que a Major Motoko, uma ciborgue que possui apenas o cérebro humano, mas que tem o corpo totalmente sintético, passa a questionar a sua existência. Será que ela foi manipulada por seus "criadores"? Será que ela ainda é quem um dia ela foi no passado, quando era humana?
É um tipo de questionamento que remete um pouco tanto a filmes como BLADE RUNNER – O CAÇADOR DE ANDRÓIDES, de Ridley Scott, quanto a ROBOCOP – O POLICIAL DO FUTURO, de Paul Verhoeven, duas obras de ficção científica marcantes dos anos 1980. Inclusive, o visual de Tóquio no ano de 2029 lembra um pouco a da cidade cenográfica do filme de Scott, só que um pouco mais colorida, no anime de Mamoru Oshii.
Cultuado nos anos 1990 e em anos posteriores também, graças a continuações e séries que retomavam seu universo, O FANTASMA DO FUTURO volta mais uma vez aos holofotes, graças à recriação americana. Do mangá, há algumas sequências marcantes que são aproveitadas, como a cena dos motoristas do carro de lixo que são perseguidos pelo esquadrão. O fato de um deles achar que tem uma filha e uma ex-esposa, sendo que sua alma (fantasma) foi hackeada, é um dos momentos que trazem uma das interessantes falas do filme, ditas por Batou, o fiel parceiro da Major Motoko: ele fala algo sobre não haver muita distinção entre memórias e sonhos, até porque tudo isso vai um dia morrer e cair no esquecimento.
Mas a valorização de ser humano está presente num dos últimos momentos do filme, quando a Major Motoko confronta o Mestre das Marionetes e descobre quem de fato ele é. Além de muito revelador, as palavras daquele suposto vilão valorizam a identidade e a singularidade humana, algo que nunca será copiado quando surgirem novas e mais sofisticadas formas de inteligências artificiais. Será mesmo, hein?
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