segunda-feira, julho 04, 2016
UM BELO VERÃO (La Belle Saison)
O trabalho da diretora Catherine Corsini é um tanto desconhecido no Brasil. Dois de seus filmes haviam tido lançamento em circuito reduzido no país, casos de PARTIR (2009) e 3 MUNDOS (2012). Desta vez, com um filme seu integrando a programação do Festival Varilux de Cinema Francês, ela passa a ganhar maior visibilidade. Além do mais, UM BELO VERÃO (2015) é um filme muito agradável de ver, e ainda pode atrair um público interessado em histórias sobre relações homoafetivas.
Não que UM BELO VERÃO queira ser um novo AZUL É A COR MAIS QUENTE. Já se percebe que se trata de um trabalho bem mais modesto, inclusive na produção, que se passa na década de 1970, mas que não gasta muito dinheiro nesse quesito, pois a maior parte da ação se passa no campo, onde mora Delphin (Izïa Higelin), uma jovem que tem preferência por mulheres. Sua partida para estudar por um tempo em Paris faz com que ela descubra um novo mundo, mas o que mais a interessa é mesmo a agitadora feminista Carole, vivida por Cécile De France, revelada em filmes tão distintos como ALBERGUE ESPANHOL e ALTA TENSÃO.
Em UM BELO VERÃO ela vive com o namorado, que apoia suas causas, mas que logo persebe que está perdendo a mulher para outra mulher, Delphin, que foi chegando de mansinho e transformou o que era apenas uma aventura de experimentar algo diferente em uma paixão arrebatadora. E talvez o problema maior do filme seja esse: essa paixão não é devidamente passada para o lado de cá da tela. Tudo transcorre de maneira muito calma e harmoniosa.
Não que isso seja um grande problema, principalmente quando o filme mostra os belos corpos nus das moças, seja nos quartos, seja em espaços abertos. Além do mais, em nenhum momento, UM BELO VERÃO é um filme aborrecido. É sempre muito simpático e gostoso de ver. Mas a diretora acaba perdendo a chance de fazer um filme que levante maiores voos. Não se sabe se por acidente ou se foi um ato deliberado.
De todo modo, o filme vai ficando mais interessante e divertido quando Delphine volta para o campo por causa de um problema de saúde do pai, e a namorada, louca de paixão, acaba indo atrás e causando um pouco de confusão naquela comunidade tradicional, nada acostumada a relacionamentos entre duas mulheres. Em certo momento, Delphine tem que decidir entre a família e a namorada. E isso não é fácil. O mérito do filme está, porém, mais nas duas atrizes e em como elas se doam para as personagens do que no roteiro simples ou na direção pouco inspirada.
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