quinta-feira, maio 12, 2016

PROVA DE CORAGEM



Alguns filmes brasileiros, ainda que não tenham conseguido atingir um grau de eficiência e satisfação, são motivo de alegria somente pelo fato de conseguirem um espaço considerável em nosso circuito, tão pressionado pela força dos blockbusters americanos e pela falta de uma mínima campanha de marketing para que o público saiba sequer da existência de tais filmes.

PROVA DE CORAGEM (2015) é desses títulos bem pequenos que, ainda que contando com um nome famoso no elenco, o de Mariana Ximenes, tem como seu maior trunfo o fato de ser diferente, de se passar em uma região fronteiriça do Rio Grande do Sul – em alguns momentos, inclusive, é difícil entender trechos dos diálogos.

Na trama, Hermano (Armando Babaioff) é um médico que mantém um relacionamento estável com Adri (Mariana Ximenes), uma artista plástica. A vida dos dois dá uma sacudida com a notícia da gravidez de Adri. Como o filho não era esperado, as reações de ambos são inesperadas. Ela, por não respeitar uma gravidez de risco; ele, por manifestar um desejo de interromper a gestação.

Como Hermano é o principal protagonista, o filme é narrado por seu ponto de vista, que também volta no tempo, a fim de remontar à sua adolescência, à amizade que começou conflituosa com um rapaz da cidade, e a uma tragédia que o abalou. As cenas de flashback são as mais frágeis, talvez pela falta de uma melhor preparação dos atores, e isso compromete o impacto emocional que o filme poderia trazer. A ambientação nos anos 1980, com canções dos Engenheiros do Hawai, também é comprometida, principalmente se compararmos com uma obra tão bem acabada como CALIFÓRNIA, de Marina Person.

O filme de Roberto Gervitz pode ser encarado como uma obra assumidamente pequena, ainda que tenha a intenção – frustrada – de explorar e aprofundar não apenas os traumas de Hermano e sua vontade de vencer o medo, mas também a crise no relacionamento do casal. Em alguns momentos, o diretor até consegue; em outros, passa longe. Mas pelo menos procura uma solução relativamente satisfatória para sua conclusão, já que as cenas de preparação para escalar uma montanha com um amigo estão entre as menos interessantes do filme.

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