sábado, abril 02, 2016
VOANDO ALTO (Eddie the Eagle)
Um dos méritos de VOANDO ALTO (2016) é que se trata de um drama esportivo sobre superação à moda antiga, ou pelo menos como se costumava fazer na década de 1980. Nesse ponto, o ator e diretor de apenas três filmes Dexter Fletcher foi feliz em dar à sua produção mais famosa até o momento a cara de produções daquela década, tanto na dramaturgia, quanto na música, com direito a "Jump", do Van Halen, tocando em determinado momento.
Por isso, há quem vá achar o filme cafona ou muito Sessão da Tarde – ele tem sido comparado bastante com JAMAICA ABAIXO DE ZERO. Mas muito do sucesso de crítica que o filme tem obtido vem justamente de não se esperar muito de uma obra desse tipo e de como o trabalho de Fletcher e dos dois atores principais é bem sucedido em encontrar o ponto certo diante do perigo de trabalhar com a história de um rapaz com um pouco de deficiência mental cujo maior sonho é participar das Olimpíadas. Não importando o esporte.
A história real de Michael "Eddie" Edwards parece saída das mãos de algum roteirista um tanto sem-noção, de tão absurda que parece. É mais um caso de vida real que supera a ficção. O sonho de Eddie vem desde que ele é criança, quando, apesar das quedas, dos vários óculos quebrados, do problema no joelho e da total falta de estímulo do pai e de quem quer que seja, o menino cresce com essa ideia fixa e aos 22 anos resolve partir para a Alemanha sozinho, em 1987, encontrando uma brecha nas regras para que ele possa participar das Olimpíadas de Inverno no Canadá, em 1988.
O esporte que ele escolhe é o perigoso salto de ski. Somos apresentados a esse esporte pouco conhecido do grande público e ficamos sabendo dos riscos que uma pessoa tem de quebrar os ossos ou mesmo o pescoço em um acidente. Por isso, imaginar que alguém que nunca praticou o tal esporte conseguisse saltar durante apenas alguns poucos treinos mostra-se um feito e tanto.
Quem interpreta Eddie é Taron Egerton (o protagonista de KINGSMAN – SERVIÇO SECRETO) e no começo dá impressão de que ele estaria exagerando no tom cartunesco do personagem, mas essa impressão se dissipa quando vemos fotos do verdadeiro Eddie. Quanto a Hugh Jackman, que faz o treinador beberrão, ele já havia feito um trabalho semelhante no emocionante GIGANTES DE AÇO, e não deve ter se esforçado tanto para fazer essa espécie de reprise.
VOANDO ALTO também acerta o tom ao tratar a história com muito bom humor, mostrando os adversários ou obstáculos de Eddie como caricaturas, sejam os esportistas que zombam dele, sejam os seus próprios pais, ou mesmo os locutores esportivos, quando o protagonista vai finalmente para o Canadá – impossível não ficar encantado com a simpatia de Jim Broadbent. E ao final, o filme nos encanta e emociona como poucos do subgênero. Talvez até seja esquecido no futuro, mas sempre que alguém se dispor a vê-lo vai se sentir grato por estar vendo com prazer essa história de superação.
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