quarta-feira, abril 27, 2016

O CAÇADOR E A RAINHA DO GELO (The Huntsman: Winter's War)



Às vezes o mundo dos bastidores dos filmes são muito mais interessantes do que eles em si. É o caso de O CAÇADOR E A RAINHA DO GELO (2016), tanto um prequel quanto uma sequência de BRANCA DE NEVE E O CAÇADOR (2012), um filme que teve mais repercussão por causa do relacionamento proibido entre a protagonista Kristen Stewart e o diretor Rupert Sanders nos bastidores do que por suas qualidades como aventura de fantasia, ou mesmo pelo desempenho de seus atores, mesmo tendo a Charlize Theron como uma bruxa malvada linda e com um visual arrasador.

No caso desta sequência, aliás, Charlize quase caiu fora do projeto, pois descobriu que o salário de Chris Hemsworth era maior do que o dela. Disse que só ficaria na produção se recebesse a mesmo quantia. Muito justo. Afinal, mesmo aparecendo menos do que o protagonista, a atriz sul-africana tem muito mais carisma, beleza e é uma das poucas boas razões para se ver o filme. No final, ambos receberam 10 milhões de dólares para reprisarem seus papéis.

Enquanto isso, Jessica Chastain também não estava muito satisfeita em integrar o elenco dessa produção destinada ao fracasso, mas teve que participar, graças a uma obrigação contratual com a Universal, o estúdio que a havia escalado como a vilã (excepcional) de A COLINA ESCARLATE, de Guillermo del Toro. Chastain, com seu brilho e beleza singulares, é também um dos bons motivos para conferir esta curiosa fantasia torta, que até tem uma trama mais inventiva do que a do primeiro filme, mas que se perde muito devido à direção fraca do novato Cedric Nicolas-Troyan, diretor de segunda unidade do filme anterior e também supervisor de efeitos especiais.

O filme começa relativamente bem, apresentando as duas irmãs bruxas vividas por Charlize Theron e Emily Blunt. A primeira tinha domínio de magia negra e era essencialmente má, enquanto a segunda era uma mulher apaixonada por um plebeu, e que devido a um triste ocorrido, tem seus poderes de congelar tudo ativados e viaja para o norte, onde se torna uma perversa imperadora de uma terra gelada. Neste lugar, era proibido amar, pois para ela o amor era algo que só trazia o mal para o coração. Mas é deste lugar tão frio que brota o amor entre dois caçadores vindos do grupo da Rainha do Gelo, Eric (Hemsworth) e Sara (Chastain).

Curiosamente, vendo esta representação do mal tão exacerbada em ambas as irmãs, é que percebemos o quão transgressora foi a animação da Disney FROZEN – UMA AVENTURA CONGELANTE, ao trazer amor em vez de ódio a essas personagens cheias de traumas e rancores.

Voltando à produção tosca (mas milionária) da Universal, outra coisa que conta pontos no filme é o fato de trazer de vez em quando alguma surpresa ou reviravolta em sua trama, como o evento que marca o fim de seu prelúdio ou os inimigos que aparecem pelo caminho dos heróis, que aqui também contam com os dois anões Nion e Griff, que servem de alívio cômico muito mais eficiente do que as falas supostamente engraçadas de Eric, o Caçador.

Além do mais, em uma produção mais acertada, por exemplo, sequências próximas do trágico teriam uma repercussão muito mais impactante para o espectador. No lugar disso, o que sentimos é tédio. Um tédio que só vai crescendo à medida que a trama vai, cada vez mais, perdendo o seu rumo. Nem a presença de cena excepcional de Charlize Theron, como a bruxa má que retorna dos mortos, no último ato, consegue salvar esse show de erros que é O CAÇADOR E A RAINHA DO GELO. Acaba funcionando apenas como um objeto curioso vindo da máquina de esbanjar dinheiro chamada Hollywood.

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