terça-feira, novembro 24, 2015

A IMPERATRIZ GALANTE / A IMPERATRIZ VERMELHA (The Scarlett Empress)



Dentre os filmes dirigidos por Josef von Sternberg protagonizados por Marlene Dietrich, o que eu mais tinha altas expectativas era este A IMPERATRIZ GALANTE (1934), já que ele foi citado por Martin Scorsese em seu livro Uma Viagem Pessoal pelo Cinema Americano. E embora eu tenha me decepcionado, trata-se, no mínimo, de uma obra bem especial.

Já no início dá para entender o porquê de Scorsese ter gostado tanto do filme: há uma cena de nudez e violência no primeiro ato, ainda que seja visto em um cenário nebuloso, como uma visão dos infernos pela pequena protagonista. Mas o cineasta americano destaca o estilismo barroco, o mundo onírico, voluptuoso, carinhosamente construído nos estúdios da Paramount. E cita outra sequência, ainda que também seja uma cena embebida em desejo sexual e atitude venenosa.

E de fato o filme é bastante carregado no barroquismo, tanto no que se refere à direção de arte espetacular do castelo da Rússia, onde se passa a maior parte da história, quanto no sentimento exacerbado dos personagens. No caso de Catarina, vivida por Marlene Dietrich, trata-se de uma personagem inocente que aprende as maquinações da política e do sexo para atingir o seu objetivo.

O problema, pra mim, é que desde o início eu não consegui comprar a interpretação de Dietrich como garotinha inocente. Como inocente, se fosse uma mulher crescida tudo bem, mas como uma garotinha, chega a ser incômodo de ver. E a atriz nem era velha: tinha 30 e poucos anos. Mas é que suas feições já são de mulher madura desde O ANJO AZUL. Por isso interpretar mulheres amargas e de passado doloroso lhe cai melhor.

Claro que admiro uma cena como a do banquete do casamento de Catarina com o rei louco, com imagens grotescas ajudando a embelezar o quadro em movimento e uma câmera que atua de maneira fantástica neste momento, em especial. No todo, porém, confesso que prefiro trabalhos mais simples, menos estilizados, mas muito mais efetivos na construção das emoções, como foi o caso do filme anterior de Sternberg, A VÊNUS LOURA (1932), até o momento o meu favorito da dupla.

A IMPERATRIZ GALANTE (ou A IMPERATRIZ VERMELHA, como passou a ser chamado quando lançado em DVD) conta a história de Catarina II, a Grande, desde a sua infância, quando era uma pequena princesa alemã, passando pela adolescência na corte russa, até a ascensão como rainha, depois de cornear e destronar o rei louco. Trata-se do penúltimo trabalho de Dietrich com Sternberg.

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