sábado, outubro 31, 2015
CANIBAIS (The Green Inferno)
Este ano marcou o retorno de Eli Roth às telas. Não foi como o esperado, já que mesmo os fãs do diretor acabaram desgostando principalmente de sua obra há tanto tempo aguardada, CANIBAIS (2013), que estava passando por algumas pendengas para finalmente ser distribuído nos Estados Unidos. E bastou o filme cair na rede (não estreou nas salas brasileiras ainda) para que o pessoal caísse de pau no filme. Enquanto isso, um mais recente trabalho do diretor, BATA ANTES DE ENTRAR (2015) entrou em cartaz e, apesar de tosco, foi até melhor recebido. Em comum em ambos os filmes, além da direção de Roth, há a presença de sua bela esposa Lorenza Izzo, e o fato de ter coprodução com o Chile, com vários técnicos chilenos etc.
CANIBAIS seria o retorno triunfal do cineasta depois de tanto tempo longe da telona. Seria também em grande estilo, homenageando o ciclo canibal italiano, em especial o mais respeitado do subgênero, CANIBAL HOLOCAUSTO, de Ruggero Deodato. O que pode ter deixado muita gente frustrada é o modo pouco sério com que Roth dá o tom. CANIBAIS, em vez de provocar mal estar, acaba divertindo bastante, principalmente para quem não se importa em ver gente tendo seu corpo decepado e indo ao forno para fazer a alegria da comunidade que curte carne humana.
Roth parece ter a intenção de dar um tapa na cara dos hipócritas que se escondem em pele de preocupados com a natureza e com as injustiças sociais, mas que têm interesses nada nobres por trás. Mas o que importa mesmo é curtir a aventura cheia de gore – e também sem muita preocupação em soar realista – do grupo de estudantes universitários que viaja para a área peruana da Floresta Amazônica, a fim de protestar contra a derrubada de árvores de um território indígena. Depois de pegarem a personagem de Lorenza para Cristo e conseguirem algum êxito, o avião cai, alguns morrem no acidente e outros ficam à mercê de uma tribo canibal que faz a festa com o apetitoso cardápio que acabou de chegar.
Roth não dispensa o humor negro e às vezes escatológico, em especial nos momentos em que os sobreviventes ficam presos dentro de uma jaula como porcos, prontos para serem abatidos (como não lembrar da moça que fica com diarreia?). E um dos méritos do filme é saber deixar o espectador interessado até o fim, não importando se o que estamos vendo é um produto de bom gosto ou de mau gosto. Isso realmente interessa?
O cineasta, aliás, já tinha cruzado essa fronteira antes em O ALBERGUE (2005) e O ALBERGUE – PARTE II (2007), mas eram obras mais bem acabadas e também bem mais pesadas na violência, talvez por fazerem parte de um momento em que o torture porn estava em moda. Provavelmente CANIBAIS tenha vindo em um momento em que os diretores parecem querer pegar mais leve, talvez um pouco cansados dos excessos dos anos 2000, ou então estão mesmo sofrendo alguma pressão da indústria para que suavizem seus trabalhos.
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