terça-feira, agosto 04, 2015
OS EMBALOS DE SÁBADO À NOITE (Saturday Night Fever)
Visto no ano passado em uma mostra especial no Cinema do Dragão, só agora parei para escrever algumas linhas sobre OS EMBALOS DE SÁBADO À NOITE (1977), de John Badham, o mais emblemático filme da era disco. O filme fazia parte daquela série de longas exibidos na televisão e que eu não dava tanta bola assim durante os meus anos pré-cinefilia. Mesmo posteriormente não cheguei a ficar tão interessado assim em vê-lo. A minha geração tem mais relação com a figura gorda de John Travolta, quando de seu "retorno" triunfal em PULP FICTION – TEMPO DE VIOLÊNCIA, de Quentin Tarantino.
É bom lembrar que OS EMBALOS DE SÁBADO À NOITE fez de Travolta um dos maiores símbolos da era disco, tendo realizado, logo em seguida, outros filmes musicais e com coreografias, como GREASE – NOS TEMPOS DA BRILHANTINA, OS EMBALOS DE SÁBADO CONTINUAM, EMBALOS A DOIS e PERFEIÇÃO.
Quanto a gostar ou não de OS EMBALOS DE SÁBADO À NOITE, saí do cinema sem saber ao certo. Mas não há como negar o seu caráter quase documental (Badham encorajou o improviso por parte dos atores) de um momento em que as pessoas voltaram a dançar juntas e em caráter de celebração, depois de um período em que o rock dos anos 1960 e 1970 não promovia muito essa experiência corporal, nem explorava tanto a sensualidade e a sexualidade de forma tão gráfica.
Mas é sempre bom lembrar que a disco music, embora tenha influenciado alguns artistas de rock, como os Rolling Stones, também foi alvo de artilharia dos punks, seus contemporâneos, como mostrado em filmes como O VERÃO DE SAM, de Spike Lee, e SOMOS TÃO JOVENS, de Antônio Carlos da Fontoura. Em comum, tanto a disco music quanto o punk rock mostravam-se cansados do cenário musical da década de 1970.
O filme apresenta a figura de Tony Manero (Travolta), um rapaz cujo mais importante momento da vida é quando se diverte nos clubes noturnos aos sábados, fazendo muito sucesso com suas coreografias ensaiadas e participando de competições acirradas. Mas, se por um lado, nas pistas ele é rei, em casa não é visto com bons olhos pela família. O pai admira mesmo é o seu irmão, que é padre. Assim, ao mesmo tempo em que sabe que a vida nas pistas é uma espécie de fuga da dura realidade, o sentimento de vazio também está no ar, devido à falta de perspectivas de sair da periferia (Brooklyn) e ir morar no grande centro (Manhattan).
O filme também serviu de vitrine para os Bee Gees, que já eram artistas de sucesso, embora estivessem passando por uma fase de altos e baixos. Mas com OS EMBALOS DE SÁBADO À NOITE, o grupo de irmãos estourou de vez, e até hoje Saturday Night Fever é a trilha sonora de um filme mais vendida de todos os tempos.
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