quinta-feira, julho 09, 2015
DE MENOR
Diante de um filme tão belo quanto DE MENOR (2013), eu me perguntei, por que raios os distribuidores locais não trouxeram este filme para o nosso circuito? Nem é um trabalho difícil, nem nada. Essa coisa de querer visualizar sempre uma possibilidade de má bilheteria através de resultados em outras praças é péssimo para o nosso cinema. Assim, o melhor do cinema brasileiro fica invisível na maior parte das cidades do país.
DE MENOR é a estreia na direção de Caru Alves de Souza, que já havia feito alguns curtas e trabalhos para a televisão. Seu trabalho de estreia transborda sensibilidade, carinho, delicadeza. Em tempos em que a bancada evangélica e outros direitistas ferrenhos querem de todo modo demonizar as crianças e adolescentes que se comportam mal, um filme como esses é só amor.
Na trama, que se passa na cidade de Santos, Rita Batata é Helena, uma jovem advogada especializada em defender menores. Ela vive com o irmão menor Caio (Giovanni Gallo), um rapaz um tanto inquieto e provavelmente ainda muito triste pela perda dos pais. No caso, então, ela é a responsável legal por ele. No começo do filme, a relação dos dois é um tanto estranha. Dá a entender que são namorados, pela pouca idade dela e pelo modo físico com que demonstram o amor que sentem um pelo outro.
Paralelamente, acompanhamos a vida profissional de Helena, o interesse quase obsessivo que ela tem em livrar aqueles jovens infratores de uma internação para delinquentes juvenis. Nem sempre ela consegue, mas faz alguns esforços tão bonitos que chega a ser comovente. Como no caso em que ela vai até casa da mãe do menino que não tem mais onde morar.
Mas, como em casa de ferreiro o espeto é de pau, já era de se esperar que o irmão de Helena fosse aprontar. E que aquilo iria doer pra caramba em todos os envolvidos. Até mesmo no procurador de justiça vivido por Rui Ricardo Diaz e para o juiz interpretado por Caco Ciocler.
Com alguns momentos de cortar o coração e um andamento narrativo tão agradável, quando o filme chega ao final, tem-se a impressão de que se passou apenas meia hora. E dizer isso é um tremendo elogio a um filme como esse, que prima pelo cuidado com a história, com os personagens, com a direção e a montagem. Quem ainda não viu DE MENOR, faça um favor a si mesmo e veja. Até para cultivar mais amor no coração.
Nenhum comentário:
Postar um comentário