sábado, junho 13, 2015
JURASSIC WORLD – O MUNDO DOS DINOSSAUROS (Jurassic World)
Hollywood tem dessas coisas: de vez em quando uma superprodução de 150 milhões é entregue nas mãos de um cara desconhecido e de filmografia obscura como Colin Trevorrow. Claro que não vão simplesmente dar o filme para o sujeito dirigir e pronto. O produtor executivo Steven Spielberg está ali, com a mão firme, mas talvez um tanto temeroso de sujar o seu currículo com uma continuação que pode não ser lá muito digna para ele, já que O MUNDO PERDIDO – JURASSIC PARK (1997) não é bem um filme muito bem visto por todos, embora seja uma obra que mereça uma revisão.
O segredo de ver e curtir JURASSIC WORLD – O MUNDO DOS DINOSSAUROS (2015) é não esperar nada melhor do que os anteriores, principalmente comparar com o clássico JURASSIC PARK – O PARQUE DOS DINOSSAUROS (1993), mas uma diversão acima da média. E podemos dizer que o filme cumpre bem suas funções. O chefe Spielberg não ia deixar que algo verdadeiramente ruim saísse de sua produtora, especialmente sendo de uma franquia a que ele tem tanto carinho.
Claro que aquela mágica de ver o primeiro dinossauro lá no começo dos anos 1990 não vai mais se repetir. Nossas retinas já estão cansadas e acostumadas com os avanços da computação gráfica nas superproduções americanas. Tudo bem que o que vimos este ano em MAD MAX – ESTRADA DA FÚRIA foi algo especial. Mas ficamos impressionados com a excelência e a pureza da direção do filme de ação; não com seus efeitos especiais, por mais excelentes que eles também sejam.
Depois de JURASSIC PARK, tudo o mais pareceu banal aos nossos olhos. Pelo menos no que se refere à construção de um mundo totalmente novo (ou à reconstrução de um mundo supostamente antigo, no caso), e mostrar isso usando a glória da tela gigante para apresentar os primeiros dinossauros, os grandões, os herbívoros, inicialmente.
Depois veio o medo dos temíveis velocirráptores ou do majestoso e medonho tiranossaurus rex. O que fazer para repetir ou trazer algo de novo para as novas plateias, depois de já ter aparentemente esgotado a fórmula com o ótimo e pouco valorizado JURASSIC PARK III (2001), de Joe Johnston? Provavelmente fazendo como Johnston fez: não se levando tão a sério. E é assim que JURASSIC WORLD consegue o seu intento. Afinal, o que mais queremos ver num filme de criaturas jurássicas? Lagartões enormes e aterradores tocando o terror em cenas eletrizantes. Até poderiam ser os mesmos já mostrados.
E nesse sentido, os ráptores estão de volta (não podiam faltar), mas há uma novidade: um novo e mais perigoso dinossauro que foi criado unindo o DNA do t-rex com o de outros animais, numa fórmula secreta que a executiva vivida por Bryce Dallas Howard apresenta a alguns homens de negócios. O novo Jurassic World não quer repetir os trágicos incidentes do antigo parque, mas também quer trazer alguma novidade. E é esse bichão maior que o t-rex o grande monstro da história.
Chris Pratt faz o papel de um adestrador de raptores que já teve uma história ocasional com a personagem de Bryce. Ela, por sua vez, está recebendo os seus sobrinhos no parque - ou mal recebendo, já que não tem tempo de cuidar dos garotos. Assim, o filme segue nessas duas linhas: a dos garotos de interesses distintos por causa de suas idades que ganharam um passe VIP e a dos adultos, inclusive aqueles que estão interessados em tomar o espaço para si, caso do personagem de Vincent D’Onofrio. E temos aqueles que servirão de bucha de canhão. Ou melhor, de alimento para os bichos.
Uma coisa que sentimos falta neste novo filme é o medo nas cenas de perigo. Os ráptores, inclusive, até ganham a nossa simpatia. O foco está no grandão, que é interessante e tal, mas o que mais importa é quando o vemos duelar com outros dinossauros, o que faz lembrar alguns clássicos do cinema hollywoodiano, como O MUNDO PERDIDO, dos anos 1920, e KING KONG, dos anos 1930.
E há também de ponto positivo Bryce Dallas Howard em roupas esfarrapadas, depois de ser perseguida pelo lagarto gigante na floresta. Muito do humor, inclusive, está no fato de ela fazer tudo sem se livrar dos sapatos de salto alto. Há a figura do macho alfa em Pratt, mas os tempos são outros e a mocinha tem que desempenhar algum ato de heroísmo, o que é justo. Compensa um suposto sexismo a que poderiam acusar o filme.
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