terça-feira, outubro 14, 2014

ANNABELLE























Quem viu INVOCAÇÃO DO MAL (2013), de James Wan, certamente deve ter ficado intrigado com uma boneca bizarramente feia que foi brevemente citada na narrativa, mas que chamou atenção o suficiente para ser base de sustentação de um derivado: ANNABELLE (2014), que Wan não dirige, mas produz, entregando a direção para um cineasta de filmes de segunda categoria, John R. Leonetti, de MORTAL KOMBAT – A ANIQUILAÇÃO (1997) e EFEITO BORBOLETA 2 (2006).

Daí o fato de ANNABELLE ser uma boa surpresa, muito provavelmente por causa do dedo de Wan como produtor. O resultado é um filme saboroso do gênero horror, que não traz exatamente nada de novo, mas que é eficiente na construção de sequências assustadoras e em movimentações de câmera em interiores que chegam a ser opressivos em vários momentos. O fato de a trama se passar na década de 1960 acaba dando ao filme um ar de produção daquela época, emulando bons filmes de baixo orçamento desse período.

A história é simples: um jovem casal passa a ser atormentado por forças estranhas depois que ela ganha de presente uma boneca. Mia (Annabelle Wallis) é colecionadora desses brinquedos de meninas. Sabemos o quanto esses elementos do universo infantil são poderosos em filmes de horror clássicos. Junte-se a isso a figura de uma mulher grávida ou com um filho pequeno. O fato de haver um perigo bem assustador ali perto contribui para o misto de prazer e tormento que o filme proporciona ao espectador.

O filme se passa no tempo em que o bando de Charles Manson aterrorizou a Califórnia e isso serve de pano de fundo para o início da trama, dando espaço para que o satanismo se torne assunto em questão logo após um perturbador ataque noturno. É depois desse incidente no início que o filme vai ficando mais interessante, à medida que eventos assustadores começam a assombrar Mia, que passa a maior parte do tempo sozinha com o bebê em casa, enquanto o marido, médico, trabalha.

Não faltam a figura de um padre e de uma mulher com experiência em demônios (a dona de uma livraria esotérica, o que compensa a falta de um Google, tão presente em filmes de horror contemporâneos). Quanto à criatura maligna que quer tragar a alma da criança, o filme se aproxima mais de outro trabalho de Wan, SOBRENATURAL (2010) e sua continuação SOBRENATURAL – CAPÍTULO 2 (2013), em que a figura do mal é explicitada graficamente, embora não chegue a ser banalizada.

Não podemos esquecer de outro trabalho ainda que menos conhecido de Wan, que já lidava com um boneco amaldiçoado, GRITOS MORTAIS (2007). Mas podemos dizer que ANNABELLE é tão bom que consegue superar em construção atmosférica e em aspectos técnicos (a fotografia e a direção de arte são lindas) o semiobscuro filme de boneco de ventríloquo de Wan.

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