terça-feira, julho 22, 2014

PLANETA DOS MACACOS – O CONFRONTO (Dawn of the Planet of the Apes)



Bem mais sombrio que seu antecessor, PLANETA DOS MACACOS – O CONFRONTO (2014) destaca, desta vez, mais o ponto de vista dos símios do que o da raça humana, oferecendo mais chances para o espectador se solidarizar com essa raça estranha e fascinante. Aliás, desde o primeiro PLANETA DOS MACACOS (1968) que ocorreu uma febre no mundo inteiro por esses animais falantes agindo como homens e refletindo nossos defeitos e qualidades.

Depois de algumas continuações nos anos 1970, de uma série de televisão, de um desenho animado, de um remake por Tim Burton e de um recomeço, mostrando o início de tudo com PLANETA DOS MACACOS – A ORIGEM (2011), de Rupert Wyatt, sem falar em um programa humorístico brasileiro e em um filme dos Trapalhões, chega a vez de nós sabermos como se deu a vez dos símios na dominação mundial já refletida desde o primeiro e hoje clássico filme. Entender o fascínio do ser humano por eles pode ser ainda um mistério, mas o fato é que esse fascínio continua existindo.

E depois de CLOVERFIELD – MONSTRO (2008) e de DEIXE-ME ENTRAR (2010), o cineasta Matt Reeves ganhou a confiança dos produtores e mostrou que domina as ferramentas do gênero horror muito bem. Afinal, PLANETA DOS MACACOS – O CONFRONTO pode ter muito de aventura e drama, mas o horror está presente sim, tanto nas sequências de violência que chegam a impressionar, quanto na própria imagem tão perfeita dos macacos de diferentes espécies se comunicando e utilizando armas de fogo.

O clima opressivo do filme é potencializado pelo 3D envolvente e pelo som poderoso e às vezes perturbador. O responsável pela trilha sonora é Michael Giacchino, mais famoso pela música da série LOST e por sua parceria fiel com o cineasta J.J. Abrams. Foi parceiro também de Reeves em DEIXE-ME ENTRAR. O clima de amizade e confiança também transparece nas presenças em cena da bela Keri Russell, de FELICITY (1998-2002), série criada por Reeves, e do jovem Kodi Smith-McPhee, de DEIXE-ME ENTRAR.

Cesar, o símio inteligente de PLANETA DOS MACACOS – A ORIGEM, vivido novamente por Andy Serkis, é o protagonista e o personagem mais cativante dessa trama apocalíptica em que um grupo de humanos tenta negociar com o grupo de macacos a possibilidade de usar um pedaço do território deles para resgatar a energia elétrica, há anos desativada em São Francisco e em outros territórios próximos, e que faz com que esses homens se sintam como se tivessem voltado para a Idade da Pedra. Trata-se de uma situação bastante delicada, já que os macacos não confiam nos homens.

Quem trata de apaziguar a situação junto a um pequeno grupo é Malcolm (Jason Clarke), que com sua mulher (Keri) e filho (Kodi) e mais um sujeito bem menos pacífico, procuram negociar com o grupo de Cesar. Quanto a ele (Cesar), trata-se de mais um personagem marcante de Andy Serkis, que ficou mais famoso desde que assumiu interpretar o pequeno e miserável Gollum, da trilogia O SENHOR DOS ANÉIS, de Peter Jackson. Desde então, ele já interpretou o macaco gigante de KING KONG, também de Jackson, o Capitão Haddock, de AS AVENTURAS DE TINTIM, de Steven Spielberg, novamente Gollum na trilogia O HOBBIT, e, por enquanto, duas vezes César, que ajuda a compor mais um rico personagem na galeria do ator, criado a partir da tecnologia da captura de movimento, que cada vez tem evoluído mais.

O olhar, em especial, é impressionante. Seja o olhar de compaixão de Cesar e de sua família, seja o olhar de ódio pela raça humana de Koda (Toby Kebbell), o macaco que foi torturado pelos humanos em experimentos científicos e que guarda muito rancor desde então. Koda não concorda com a convivência pacífica entre humanos e macacos proposta pelo líder Cesar, que no início do filme é o único que consegue falar a língua dos humanos.

A produção de PLANETA DOS MACACOS – O CONFRONTO é caprichadíssima e isso transparece em cada frame. Os efeitos especiais da composição dos animais (há também um urso e um cervo construídos em computador) se fundem de maneira orgânica com a presença dos humanos. Para se ter uma ideia do saldo da produção, podemos comparar o custo estimado do novo filme com o do anterior: A ORIGEM custou 93 milhões; O CONFRONTO, 170 milhões. E pelo sucesso de bilheteria que o filme já está causando nos Estados Unidos e outros países, além de uma nova continuação já confirmada, tudo leva a crer que uma nova febre dos macacos chegou com força.

O problema do filme talvez esteja justamente em suas qualidades, em sua perfeição técnica, que muitas vezes acaba diminuindo um pouco o impacto que certas cenas mais dramáticas poderiam gerar. Isso porque o espectador fica encantado ou impressionado com a produção. Assim, o sentimento de dor de Cesar, de seu filho, de seus seguidores, e dos próprios humanos que são também heróis da história, acabam sendo um pouco comprometidos por isso.

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