terça-feira, julho 01, 2014

JERSEY BOYS – EM BUSCA DA MÚSICA (Jersey Boys)



Chegando de mansinho e sem muito barulho este novo trabalho de Clint Eastwood, que foi recebido de maneira fria pela crítica americana. JERSEY BOYS – EM BUSCA DA MÚSICA (2014) é a quarta incursão do cultuado diretor pelo território da música. Lembremos do belíssimo drama HONKYTONK MAN (1982), da cinebiografia BIRD (1988) e do documentário PIANO BLUES (2003). Portanto, não chega a ser uma surpresa o fato de o cineasta dirigir este musical biográfico que conta a história do grupo musical dos anos 1960 The Four Seasons.

O interessante do filme é que poderia ser facilmente confundido com um trabalho de Martin Scorsese. Lembra bastante OS BONS COMPANHEIROS e até Joe Pesci aparece como personagem da história. Isso se deve às origens dos músicos, todos ítalo-americanos e de uma forma ou de outra tiveram sua relação com a máfia. O "godfather" do filme é vivido por Christopher Walken, que desempenha seu papel sem muito esforço. Quanto aos demais atores, os que fazem o papel dos músicos, são pouco conhecidos, ou mais conhecidos por quem acompanha certas séries de TV. Um deles, inclusive, Michael Lomenda, nunca havia atuado nem no cinema nem na televisão.

Mas o que mais interessa no filme é mesmo a trajetória do grupo, principalmente a do cantor principal, Frankie Valli (John Lloyd Young). JERSEY BOYS mostra o início do grupo, cantando em festas do bairro, passando pela descoberta da voz de Frankie, depois para as gravadoras, as turnês pelo país, as brigas de ego, muitas vezes ocasionadas pelo líder do grupo, Tommy DeVito (Vincent Piazza).

O que se sente falta no filme é aquela pegada mais forte de Eastwood. O filme tem uma leveza que chega a confundir. Muito em parte por causa das cenas musicais, que na verdade são bem curtas, servindo em geral para apresentar alguns dos sucessos do grupo. Daí o sentimento de certo desapontamento, já que o filme anterior do cineasta também foi uma cinebiografia (J. EDGAR, 2011) e também não é dos seus melhores trabalhos. Mesmo assim, compreende-se a necessidade do diretor em não carregar demais nas tintas sombrias, já que é um musical. Ou um anti-musical.

De todo modo, é certamente um filme que merece ser visto. Até porque está dividindo opiniões entre os críticos brasileiros. Sem falar que há um momento em que é quase impossível não ficar arrepiado de emoção. Um momento que envolve a primeira apresentação de uma das canções pop mais conhecidas e adoráveis do século XX. É nesta hora que pensamos o quanto deve ter sido importante para Clint prestar um tributo a Frankie Valli e os Four Seasons.

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