sexta-feira, junho 06, 2014
DEZ CURTAS BRASILEIROS
O ideal seria escrever sobre esses filmes logo que os visse. Ou rever todos quando fosse escrever a respeito, o que não seria nenhum problema, a não ser em relação a alguns, que são especialmente chatos. Mas a grande maioria se beneficiaria de uma boa revisão. Essa revisão, porém, fica para outra vez. Hoje quero ver se consigo lembrar, a partir de algumas pequenas anotações que fiz, desses curtas. Ou se minha memória está mesmo precisando ser trocada em alguma loja de eletrônicos.
EU NÃO QUERO VOLTAR SOZINHO
Este é mais fácil lembrar tanto por causa do longa, que faz uma espécie de versão estendida do curta, quanto pelo fato de eu o ter exibido para os alunos junto com outros curtas. Queria ver qual seria a reação deles diante de um filme que aborda a homossexualidade. Até que foi positivo, embora a maioria não quisesse ou não soubesse externar o que sentiu. A trama de EU NÃO QUERO VOLTAR SOZINHO (2010) é já conhecida: trata de uma espécie de triângulo amoroso entre dois rapazes e uma moça. Os três são colegas em uma escola. O diferencial é que um deles é deficiente visual e se apaixona pelo rapaz. Daniel Ribeiro fez um filme muito bonito e sensível. A canção "Janta", de Marcelo Camelo, aparece num momento bem legal.
NOSSOS TRAÇOS
Esse é aquele tipo de filme que traz uma ideia tão simples, mas ao mesmo tempo tão genial que não há como não ficar impressionado. Trata-se apenas de uma velha fita em VHS mostrando um aniversário de família, enquanto ao fundo ouvimos a conversa de duas pessoas sobre aquele evento e sobre as pessoas presentes. Dizer mais pode estragar um pouco a experiência e o prazer de ver essa pequena joia que é NOSSOS TRAÇOS (2013), de Rafael Spínola.
SYLVIA
Um filme sem diálogos e que acompanha com habilidade narrativa a história de uma mulher que deseja ser uma boxeadora. SYLVIA (2013), de Artur Ianckievicz, apresenta a rotina da protagonista, seja treinando, seja ganhando seu dinheiro confeccionando DVDs piratas. O filme apresenta um final um tanto inesperado, mas nada de muito memorável, na verdade.
EM TRÂNSITO
Trata-se de um filme que lida com a questão das diferenças sociais. EM TRÂNSITO (2013), de Marcelo Pedroso, nos apresenta aos danos que o trânsito e o chamado progresso podem fazer para a humanidade, especialmente das grandes cidades. Mas é também um filme bem politizado e que usa símbolos para ilustrar a vilania dos políticos e seus atos desumanos. Derrubar a casa de um pobre sem a menor piedade infelizmente não é algo raro de se ver nas grandes cidades. O filme, porém, me aborreceu mais do que me entusiasmou.
TODOS ESSES DIAS EM QUE SOU ESTRANGEIRO
A primeira coisa que impressiona em TODOS ESSES DIAS EM QUE SOU ESTRANGEIRO (2013, foto), de Eduardo Morotó, é a espetacular fotografia em preto e branco, que valoriza o filme, que ainda por cima tem um trabalho de câmera magnífico, seja dentro do bar em que os dois irmãos trabalham, seja dentro da casa onde moram. Trata-se de um filme bastante duro e violento, mas talvez por isso eu tenha gostado tanto. O tema é o preconceito que os nordestinos sofrem em cidades do sudeste brasileiro, e o filme vai fundo no sentimento de indignação.
NÃO ESTAMOS SONHANDO
A primeira parte de NÃO ESTAMOS SONHANDO (2013), de Luiz Pretti, lembra um pouco alguns filmes de Julio Bressane, com um personagem lendo um livro para nós, espectadores. As palavras são interessantes, mas depois o filme se dilui em simbolismos que até podem ter um significado interessante, mas que acabam deixando o filme chato e pretensioso, mesmo em sua curta duração. E confesso que não me arriscaria em fazer uma sinopse.
PÚRPURA
Eis um filme de uma beleza plástica inegável. PÚRPURA (2013), de Tavinho Coutinho, já começa impressionando, com a imagem de uma casa pegando fogo. Aliás, imagens impressionantes não faltam no curta: a mulher no colo do homem embaixo da árvore, os bois mortos, o corpo nu e ferido da mulher no rio, um homem surgindo da lama, entre outros momentos que fazem desse curta uma experiência sensorial admirável. É o caso de filme para rever.
PÁTIO
Tinha gostado do filme anterior de prisão de Aly Muritiba, A FÁBRICA (2011). Mas este aqui eu não engoli. O diretor tenta trazer alguma novidade ao mostrar PÁTIO (2013) praticamente em um câmera parada com a voz dos personagens em off enquanto vemos imagens do pátio de uma prisão. Os diálogos têm o seu interesse, mas depois do sensacional FANTASMAS, de André Novais Oliveira, esse estilo de contar uma história perde a originalidade e a graça.
QUINTO ANDAR
A fotografia em preto e branco é bonita e tal e o tema de quinta dimensão é interessante, mas esse filme não engana ninguém. Confuso, chato, pretensioso, longo, QUINTO ANDAR (2013), de Ricardo Mansur, também aposta na ausência de diálogos. Pena que o filme não consiga ser suficientemente interessante, mesmo diante de um assunto intrigante e que poderia render um trabalho decente, ainda que não fizesse sentido algum.
COLOSTRO
Filmes que flertam com o gênero horror sempre me atraem a atenção e é também o caso de COLOSTRO (2013), de Cainan Baladez e Fernanda Chicolet, apesar de o resultado final não ser tão bom. Mesmo assim, só o ponto de partida já é bem interessante. Uma mulher adota um filho e tenta fazê-lo mamar em seu peito, mas a única coisa que sai é sangue. Há um sentimento de revolta para com a criança, uma cena um tanto perturbadora, mas faltou um final mais impactante. Mesmo assim, é um filme que tem seus bons momentos e que vale a conferida e uma revisada.
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