domingo, dezembro 15, 2013

O HOBBIT – A DESOLAÇÃO DE SMAUG (The Hobbit – The Desolation of Smaug)























Em certo momento de O HOBBIT – A DESOLAÇÃO DE SMAUG (2013), Gandalf (Ian McKellen) está atravessando uma montanha muito íngreme e isso faz lembrar a gravura misteriosa presente no encarte do quarto álbum do Led Zeppelin, banda que tantas vezes incluiu referências ao universo de J.R.R. Tolkien nas letras de suas canções. Peter Jackson pode ter pensado em fazer uma homenagem a essa figura do álbum. Ou é apenas coisa da cabeça deste que vos escreve.

Falando mais especificamente do filme, trata-se de uma obra ainda mais irregular do que a primeira parte, O HOBBIT – UMA JORNADA INESPERADA (2012), mas que, apesar de tudo, mostra o imenso talento de Jackson em construir sequências de tirar o fôlego, como a antológica luta envolvendo os anões, os orcs e dois elfos, entre eles Legolas (Orlando Bloom) e Tauriel, vivida pela linda Evangeline Lilly, mais lembrada por fazer a alegria de tantos espectadores de LOST anos atrás, no papel de Kate. Essa sequência, em particular, é como estar em uma montanha russa, de tão excitante que é. Ver em 3D numa sala apropriada e de qualidade ajuda bastante a tornar este e outros momentos especiais.

E se em UMA JORNADA INESPERADA houve um momento de prender a respiração e ficar com os olhos grudados na tela, que foi o encontro de Bilbo (Martin Freeman) com Gollum (Andy Serkis), em A DESOLAÇÃO DE SMAUG temos o tão esperado encontro de Bilbo com o dragão Smaug, aqui dublado por Benedict Cumberbatch (de ALÉM DA ESCURIDÃO – STAR TREK). Inclusive, para aqueles que teimam em ver cópias dubladas em português, eis um motivo mais do que justo para se ver o filme na versão legendada. Afinal, a voz poderosa de Cumberbatch e os efeitos de criação do dragão são combinações perfeitas. Passam de fato o temor que a criatura provoca.

Outro aspecto louvável do filme é a maestria com que Jackson utiliza suas gruas e suas panorâmicas, seja nos planos gerais, o que torna a sala de cinema o lugar ideal para apreciá-lo, quanto em cenas interiores. As cenas em que Bilbo usa o anel para ficar invisível também são destaque. Não esqueçamos da fantástica sequência das aracnas, já conhecidas de quem viu O SENHOR DOS ANÉIS. Aqui elas aparecem em maior quantidade e só não despertam maior pavor porque O HOBBIT possui um pouco mais de leveza, por mais que Jackson queira torná-lo tão sério e épico quanto a trilogia O SENHOR DOS ANÉIS. Na comparação, porém, vai sempre perder, o que não quer dizer que não seja uma baita aventura. Inclusive, deixando no chinelo a grande maioria dos blockbusters de 2013.

Em A DESOLAÇÃO DE SMAUG, Jackson continua sua ambiciosa intenção de ligar os pontos com a primeira trilogia neste prelúdio, com citações a personagens conhecidos, como o anão Gimli ou o grande vilão Sauron. Quanto a Richard Armitage, que faz o anão galã Thorin, ele brilha menos neste segundo filme do que Bilbo, que se mostra mais confiante, até por estar de posse do anel e também corajoso nas cenas de batalhas, entre outros tantos momentos.

Falando em batalhas, importante perceber o quanto os orcs são tão dignos de pena quanto baratas e daí Jackson aproveita o seu gosto por violência herdado dos filmes de horror para incluir momentos em que as criaturas horrendas são decapitadas com requintes de crueldade pelos heróis. Até porque não há motivo mesmo para gostar deles, dado o preto no branco característico do filme.

Para encerrar, é sempre bom lembrar da contribuição do compositor Howard Shore, que não inventou muito nesta nova trilogia, mas suas variações dos temas de O SENHOR DOS ANÉIS funcionam brilhantemente para a trama. O tema do anel só não fica mais belo e misterioso do que o da trilogia original porque ele resolve não se repetir completamente. Além do mais, é raro um compositor de trilhas de filmes de ação hollywoodianos não contribuir para tornar o filme enfadonho. Shore, que tem sido um dos grandes parceiros de David Cronenberg desde THE BROOD - OS FILHOS DO MEDO, mostra-se um mestre na condução da música, a qual entra em harmonia com os tantos momentos de drama e aventura que A DESOLAÇÃO DE SMAUG requer.

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