sábado, novembro 23, 2013

SOBRENATURAL: CAPÍTULO 2 (Insidious: Chapter 2)























E ele conseguiu de novo. James Wan, o homem por trás do melhor título de horror do ano, INVOCAÇÃO DO MAL (2013), que recicla os clichês do gênero de forma brilhante e elegante em mais um filme sobre possessões e casas assombradas, agora retorna com a continuação de outro grande filme, SOBRENATURAL (2010). Embora sejam trabalhos com muitos elementos em comum, SOBRENATURAL e sua continuação, SOBRENATURAL: CAPÍTULO 2 (2013), são mais inventivos, criam um mundo novo, ideias novas, que até remetem em alguns momentos ao mundo sombrio e perturbador de TWIN PEAKS, com portas e universos espirituais que fazem com que a experiência de ver o filme seja mais do que sentir sustos.

Uma das características deste segundo filme é que ele não dá trégua para o espectador. Desde o prólogo, que remete à infância de Josh Lambert, o personagem de Patrick Wilson, passando depois para o retorno àqueles momentos perturbadores da conclusão do primeiro filme, em que o garoto foi salvo da entidade maligna, a vidente que auxiliou a família na recuperação do espírito do garoto morreu e Josh começou a apresentar uma estranha impressão de que estaria possuído.

Um dos aspectos mais interessantes deste segundo filme é que a ligação com o primeiro vai além de uma mera continuação linear da história. SOBRENATURAL: CAPÍTULO 2 chega a explicar alguns eventos confusos do primeiro filme, o que torna sua trama fascinante. Destaque também para a habilidade de Wan em construir uma atmosfera constante de medo com movimentos de câmera que valorizam os interiores com maestria. Em alguns momentos, há o medo de tomar um susto a qualquer momento como num filme de horror ordinário; em outros, o diretor pega mesmo o espectador de surpresa.

A montagem é outro aspecto de excelência do filme, especialmente nos momentos em que os personagens agem separadamente e vão sendo costurados e esclarecidos os motivos pelos quais a casa continua sendo assombrada, além do caso envolvendo a possessão de Josh. No elenco principal, tanto Rose Byrne quanto Barbara Hershey têm papéis ampliados em importância nesta segunda parte, sendo as verdadeiras heroínas do filme. Há dois detetives de fantasmas atrapalhados que tentam trazer um pouco de alívio cômico para a história, mas não sei se o humor funciona diante daquele clima opressor.

Quem espera um filme de horror mais clássico e contido como INVOCAÇÃO DO MAL pode não gostar tanto assim deste novo trabalho, que não economiza em mostrar as fantasmagóricas criaturas do além assombrando o mundo dos vivos. Isso não tira os méritos do filme, que em sua primeira parte já havia mostrado o rosto do demônio de maneira explícita. Agora, então, não é motivo para ser sutil. Falando em poucas sutilezas, a interpretação de Patrick Wilson quando está totalmente possesso lembra Jack Nicholson em O ILUMINADO, de Stanley Kubrick, com certeza uma dentre várias referências pegadas de empréstimo para a construção de mais um belo trabalho desse diretor malasiano.

Wan, não abandona o horror, não!

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