terça-feira, outubro 22, 2013
OS SUSPEITOS (Prisoners)
Quem quiser ter a sensação de ter a sua respiração e sua atenção em sintonia com a de outras pessoas ao mesmo tempo é só arriscar uma sessão de OS SUSPEITOS (2013), estreia do canadense Denis Villeneuve em Hollywood, que já havia mexido com os nervos dos espectadores em outro belo trabalho de suspense, INCÊNDIOS (2010).
Nos Estados Unidos, o diretor foi às raízes do American way of life, instalando-se em uma comum rua de subúrbio em pleno Dia de Ação de Graças para apresentar os aspectos mais sombrios daquela sociedade, não necessariamente pintando heróis e vilões, apesar de termos, no final, um culpado pelo desaparecimento das duas crianças que saem da casa sem a presença de seus irmãos mais velhos.
O grande elenco é formado por Hugh Jackman e Maria Bello, como o casal que leva os dois filhos para a celebração anual na casa dos amigos vividos por Terrence Howard e Viola Davis, que por sua vez também têm filhos na mesma faixa etária dos filhos do primeiro casal. O clima de harmonia se destaca também pelo fato de as duas famílias serem de etnias diferentes. Harmônico, pelo menos do ponto de vista americano, que raramente mostra grupos miscigenados.
Com o desaparecimento das duas meninas, que, naturalmente, deixa todos os familiares completamente abalados, entra em cena o detetive de polícia vivido por Jake Gyllenhaal, que com seus tiques nervosos tão particulares já é um dos personagens mais interessantes da carreira do jovem ator.
Assim, a trama segue em duas linhas: de um lado, o policial, um sujeito obcecado pelo seu objeto de investigação; do outro, o personagem de Jackman, que não se conforma quando a polícia solta, por falta de evidências, o primeiro suspeito, vivido por Paul Dano. Ambas as linhas que a narrativa segue são muito interessantes e o filme vai além do mero whodunit, também explorando os aspectos mais dramáticos e perturbadores de seus personagens.
O desenlace da narrativa também é bastante feliz e há pelo menos uma cena de deixar o espectador segurando os braços da poltrona no cinema. Trata-se da cena envolvendo o carro de polícia do detetive. Resta saber se as expectativas para o Oscar serão confirmadas, tanto para o elenco, quanto para o cineasta e o tantas vezes indicado diretor de fotografia Roger Deakins, que aqui faz uma exploração do cinza bastante condizente com o sentimento dos personagens. Uma pena que o título brasileiro tenha sido tão genérico, deixando de lado o aspecto múltiplo do original.
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