segunda-feira, outubro 28, 2013

CLASSIC ALBUMS – LOU REED: TRANSFORMER























O meu primeiro contato com Lou Reed foi lá pelos idos de 1991, quando um amigo me apresentou ao álbum New York (1989). Na época não sabia direito se tinha gostado ou não, mas era um momento da minha vida de apresentação de novidades musicais, seja daquela década, seja de décadas anteriores. O mesmo amigo trouxe anos depois o vinil de Magic and Loss (1992). Esse sim me tocou profundamente e até hoje está entre os meus discos favoritos e tenho guardado comigo. Fiquei fascinado com as várias perspectivas que Reed tratou a morte, tema desse disco fúnebre, de perda de amigos.

Nesse meio tempo, costumava comprar de vez em quando os discos indicados pela revista Bizz, entre eles The Velvet Underground and Nico (1967), o primeiro da seminal banda e que até hoje nunca deixou de tocar aqui em casa. É um dos discos que eu cada vez gosto mais. Em 1994, agora na faculdade, outro amigo me apresentou a um clássico de Reed: Berlin (1973), que é outro disco que eu não sei se gostei. Pelo menos, não assim de cara. Hoje é dos favoritos da casa, embora ainda prefira Transformer (1972), o anterior e objeto de análise deste documentário da série Classic Albums. Aliás, eu tenho dois discos dessa série: um do Nirvana; outro dos Sex Pistols, mas foi preciso Lou Reed morrer para que eu visse um vídeo dessa série.

CLASSIC ALBUMS – LOU REED: TRANSFORMER (2001) é uma delícia e creio que deve funcionar até para quem não conhece o trabalho do músico. Mostra tanto detalhes de mixagens e dos acordes, como os deliciosos baixos melódicos que introduzem "Walk on the Wild Side", ou a participação nos vocais de David Bowie (um dos produtores do disco) em "Satellite of Love". Mostra também um pouco dos bastidores das canções, como as homenagens a Andy Warhol e ao grupo de transformistas em Nova York.

Gravado em Londres, Transformer é o disco com mais hits de Reed. Além dessas duas, ainda tem "Perfect Day", "Vicious", e se encerra com uma banda de metais na melancólica "Goodnight Ladies". Aliás, a canção nem é tão melancólica assim, mas ouvi-lo dizendo adeus, na atual circunstância, nessa canção com jeitão de fim de festa é muito triste.

Ontem, domingo, dia de sua partida, foi um dia pesaroso para o rock. Creio que a gente se apega a artistas como ele por vê-lo desnudado em canções de amor tão lindas como "Pale Blue Eyes", a já citada "Perfect Day", "Oh! Sweet Nuthin’", entre outras. E também um sujeito sensível aos drogados, travestis e outras figuras marginais mostrados sem qualquer julgamento.

Ouvir "Waiting for the Man" e não se sentir nos sapatos do dependente químico é ser um pouco insensível. Ouvir a devastadora e última estrofe de "Pale Blue Eyes" e não se emocionar, também. E tudo isso cantado com sutileza vocal. Até porque, cada vez mais, Lou Reed foi perdendo sua capacidade de cantar com diferentes timbres de voz. Mas teve a sorte e o talento de saber criar grandes melodias e grandes poemas cantados (ou falados) e saber adequá-los aos seus álbuns.

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