quinta-feira, agosto 29, 2013
JASÃO E OS ARGONAUTAS (Jason and the Argonauts)
Por estes dias rolou na Liga dos Blogues Cinematográficos o chamado "Mondo Harryhausen", uma homenagem feita pela turma a um dos maiores mestres dos efeitos especiais da história do cinema, Ray Harryhausen. Acontece que o tempo não tem sido muito meu amigo e acabei vendo poucos filmes com o dedo do mago dos efeitos. Sobre um deles, já comentei a respeito aqui, A 20 MILHÕES DE MILHAS DA TERRA, de Nathan Juran. O outro, apesar de não ser dele, faz parte do "Mondo", GODZILLA, O MONSTRO DO MAR, de Ishirô Honda. Agora foi a vez de um dos mais importantes, JASÃO E OS ARGONAUTAS (1963), de Don Chaffey.
Acontece que tenho um pequeno problema com filmes de fantasia e aventuras épicas: é quase certo que esse tipo de filme vai me dar sono. Por mais movimentado que seja. Por isso eu valorizo tanto o universo de O SENHOR DOS ANÉIS, pois conseguiu me manter bem aceso. No caso de JASÃO E OS ARGONAUTAS eu até tinha motivos para me manter bastante acordado, pois nos últimos anos eu aprendi a gostar de Homero, lendo a sensacional A Ilíada. Acontece que ler é uma coisa; ver filmes baseados em epopeias da literatura é outra. Vejamos, por exemplo, o meu frequente desgosto com relação às adaptações de quadrinhos de super-heróis. Pois bem. É quase a mesma coisa. Talvez seja o excesso de música que me incomoda, não sei. Se bem que a música de JASÃO... é do Bernard Herrmann. Respeito, hein.
De todo modo, sei muito bem listar as qualidades de JASÃO E OS ARGONAUTAS. Principalmente em relação a filmes que querem tirar os deuses da trama. Tirar os deuses das epopeias é como negá-las, já que elas foram escritas num tempo em que os deuses (ou Deus) viviam em maior proximidade com os homens. Pelo menos dentro da literatura. Com a "morte de Deus" e o advento do romance, o homem ficou só, com suas angústias, mas em compensação ganhou em profundidade. Assim, é natural ver os personagens do filme apenas como arquétipos, criaturas um tanto rasas, por mais que possamos antever uma grande e tenebrosa sombra em cima da personagem Medeia, que em determinada obra será lembrada como uma das mais perturbadoras criações da Antiguidade.
No filme, ela se une ao herói Jasão, que no início também está vinculado a outro personagem famoso dos helênicos, Hércules. E como não poderia deixar de ser, com a presença de Harryhausen, o filme aproveita bastante o dom do mestre em saber criar imagens de criaturas fantásticas em cenas em conjunto com os personagens de carne e osso. Como nas cenas envolvendo um gigante de pedra (um deus), guerreiros esqueletos e outras criaturas. Mas o que mais impressiona é a cena que envolve Poseidon, que, saindo imenso do mar, salva os heróis de serem mortos.
No mais, JASÃO E OS ARGONAUTAS também tem o mérito de encerrar antes de fechar o ciclo de aventuras. Quer dizer, ele fecha uma espécie de arco, mas não dá um desfecho definitivo para a história do Velo de Ouro e o destino de Jasão quando retorna dessas aventuras. Deste modo, até lembra o recorte feito em A Ilíada, que trata apenas de um momento da Guerra de Troia, não um resumão da guerra toda. Don Chaffey, o diretor, é o mesmo de MIL SÉCULOS ANTES DE CRISTO (1966), que traz Raquel Welch em trajes sumários na idade das cavernas. Acredito que neste eu não deva cochilar.
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