terça-feira, julho 09, 2013

O RIO DA AVENTURA (The Big Sky)























Curioso como o rio é um símbolo tão presente na filmografia do mestre Howard Hawks. Há RIO VERMELHO (1948), ONDE COMEÇA O INFERNO (1959, cujo título original é RIO BRAVO) e o filme que encerra sua rica obra se chama RIO LOBO (1970). Ainda que O RIO DA AVENTURA (1952) não seja tão bom quanto esses filmes citados e nem conte com a palavra "rio" no título original, o rio está no título brasileiro e está presente em praticamente todo o filme. É a partir do momento em que os personagens principais seguem um rio em um barco com uma índia à bordo que o filme ganha seu rumo.

Porém, no começo, já há muitos elementos hawksianos, a começar pela amizade dos personagens de Kirk Douglas (Jim) e Dewey Martin (Boone). A história de amizade dos dois começa com violência, mas logo termina em abraço. Até porque Jim é uma simpatia só. Quase não consegue tirar o sorriso do rosto. Diria até que é o mais bobo dos personagens de Hawks. A amizade masculina se estende ao saloon, onde uma bela francesa se junta a eles numa canção, que antecipa a maravilha que seria a cena da canção na delegacia de ONDE COMEÇA O INFERNO. Confesso que fiquei com saudade da moça francesa, que não aparece mais.

O rio também representa movimento, rapidez, um elemento bem representativo do cinema de aventuras de Hawks. Pena que os momentos de aventura do filme não tenham me deixado tão entusiasmado quanto nos demais trabalhos do diretor. Sua grande aventura é mesmo HATARI! (1962). E O RIO DA AVENTURA é também uma prova de que não basta ter o próprio Hawks e os elementos puramente hawksianos para que o resultado seja excelente. E às vezes basta ter uma pequena participação do diretor para que vejamos uma obra hawksiana: recentemente, pude ver PILOTO DE PROVAS (1938), dirigido por Victor Fleming, e adorei o filme, como se fosse um autêntico Hawks. Isso por causa de sua participação no roteiro.

Pelo que Hawks contou a Peter Bogdanovich na famosa entrevista, um dos problemas do filme se deu pelo fato de os produtores terem cortado 20 minutos, e possivelmente o que mais foi cortado foram cenas do relacionamento entre Boone e a índia (Elizabeth Threatt). Faz sentido, já que não sentimos nenhum interesse pelo romance dos dois. Muito menos pela amizade de Jim e Boone. Hawks, na mesma entrevista, também lamenta ter falhado na construção da amizade de seus protagonistas, o que é algo muito raro de presenciar em um trabalho seu. O RIO DA AVENTURA é um caso de obra torta de um mestre. Não é muito agradável de ver, mas sabe lá se, em uma revisão futura, eu passo a gostar do filme.

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