terça-feira, junho 04, 2013
UM LOBISOMEM AMERICANO EM LONDRES (An American Werewolf in London)
Filme da minha pré-adolescência e da minha pré-cinefilia, UM LOBISOMEM AMERICANO EM LONDRES (1981), de John Landis, ficou na minha memória afetiva e, mesmo eu revendo alguns filmes do diretor posteriormente, fiquei sempre adiando a minha revisão deste filme que vi há séculos. E foi um prazer poder rever, agora que tenho um conhecimento maior do gênero. Pelo menos eu sei quando ele cita O LOBISOMEM (1941), clássico da Universal estrelado por Lon Chaney Jr. e tido como um dos melhores filmes de lobisomem da História do Cinema.
Curiosamente, na mesma época do filme de Landis, outros filmes de lobisomem estavam aportando nos cinemas. Destaque para UM GRITO DE HORROR (1981), de Joe Dante, e, um pouco depois, A COMPANHIA DOS LOBOS (1984), de Neil Jordan. Os três filmes trazem transformações impressionantes de homens em lobisomens, mas nenhum de maneira tão meticulosa e impressionante quanto o filme de Landis, que mostra a dor de ter o corpo alterado, os ossos sendo esticados para formar a figura de um lobo, tudo isso ao som de uma canção pop (entre as várias sobre lua cheia da trilha) que deixa o espectador desconcertado.
Isso porque Landis prefere o registro da comédia, mesmo lidando com tragédias como a morte de um amigo por um lobisomem e seu ressurgimento com o corpo em constante estado de putrefação como visita. E, ainda por cima, incitando-o a cometer suicídio, para não correr o risco de matar alguém, ou transformar outras pessoas em licantropos. E também tirar do limbo as almas que ficam sem poder ser libertadas por terem sido mortas por esse ser amaldiçoado.
A dinâmica direção de Landis já nos apresenta nas primeiras cenas aos dois personagens principais, vividos por David Naughton e Griffin Dunne. Viajando no esquema mochilão pela Europa, os dois amigos vão parar numa pequena cidade da Inglaterra, passando por um sinistro pub onde não são muito bem recebidos e acabam indo embora. Resultado: são atacados pelo lobisomem, que naquela lua cheia esperava uma vítima. Um deles morre pelas garras do bicho, o outro é salvo por parte dos habitantes do local, que arranjam um jeito de negar a história e de levar o sobrevivente para um hospital em Londres.
O momento mais calmo do filme é justamente esse, em que David (Naughton) fica no hospital por uns tempos, recebe visita do amigo morto, e paquera a enfermeira, que será importante para a segunda e melhor parte do filme. Durante e depois da transformação, UM LOBISOMEM AMERICANO EM LONDRES ganha mais velocidade em sua narrativa, mesmo tendo como alívio cômico a cena de David acordando nu numa jaula de lobos de um zoológico e se esforçando para chegar à casa da namorada com o que quer que conseguisse para se vestir.
O ápice do filme, dentro de um cinema pornô e depois, nas ruas da cidade, é também igualmente fascinante e empolgante, o que só prova o quanto o filme de Landis envelheceu bem nestes mais de trinta anos de seu lançamento. Tanto é que de lá pra cá nenhum outro filme do gênero conseguiu superá-lo.
UM LOBISOMEM AMERICANO EM LONDRES era um dos filmes favoritos de Stanley Kubrick.
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