domingo, junho 23, 2013
DISPAROS
É sempre um prazer quando um filme brasileiro independente, de pouca repercussão, consegue chegar ao nosso circuito, mesmo com um atraso de mais de seis meses. A falta desses filmes é quase como uma privação, uma proibição por parte das grandes distribuidoras, que querem nos empurrar goela abaixo suas nem sempre brilhantes produções. Mas sabemos que a coisa não é tão simples assim e, em vez de reclamar, louvemos a programação do Cinema de Arte.
O caso de DISPAROS (2012) nem é de excelência, mas é o caso sim de ter a chance de conferir o primeiro trabalho de uma diretora que tem tudo para fazer ótimos trabalhos futuros, já que seu domínio na condução da trama principal deste filme é admirável. O que estraga um pouco neste longa-metragem de estreia de Juliana Reis são as subtramas, que nem sempre são bem sucedidas, como é o caso da subtrama do amigo de Henrique, o fotógrafo vivido por Gustavo Machado (de EU RECEBERIA AS PIORES NOTÍCIAS DOS SEUS LINDOS LÁBIOS), com sua amiga no apartamento.
A narrativa inicialmente confusa que vai se descortinando aos poucos é bastante interessante, e faz da primeira metade do filme um belo achado. Aliás, DISPAROS é o tipo de filme que é interessante saber muito pouco ou nada da trama para que haja uma melhor apreciação. Então, falando bem pouco do enredo: fotógrafo (Machado) e seu auxiliar saem em disparada de um acidente que deixou uma pessoa morta.
A partir das idas e vindas no tempo da montagem não linear, vamos sabendo mais do ocorrido. O filme conta com um belo duelo de interpretações entre Gustavo Machado e Caco Ciocler, no papel de um delegado de polícia que fica curioso com a história mal contada do fotógrafo. Ciocler ganhou o prêmio de melhor ator coadjuvante por este filme no Festival do Rio.
Em um mundo mais justo, DISPAROS poderia muito bem ser exibido no circuitão, já que seu enredo de suspense prende a atenção tanto quanto alguns thrillers produzidos nos Estados Unidos ou na Inglaterra. A diferença é que aqui não vemos milhões de dólares sendo esbanjados. Penso na produção EM TRANSE, de Danny Boyle, que também tem um enredo todo cheio de lacunas a ser preenchidas ao longo da narrativa. E se alguém disser que o exemplo não foi bom, logo digo que o filme de Juliana Reis sai ganhando na comparação.
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