quinta-feira, maio 02, 2013

O GRANDE GATSBY (The Great Gatsby)























Não vai ser nenhuma surpresa se o novo O GRANDE GATSBY, dirigido por Baz Luhrmann, e que abrirá a edição do Festival de Cannes este ano, superar esta versão de Jack Clayton, estrelada por Robert Redford. Tive de ver O GRANDE GATSBY (1974) em pedaços, pois, além de longo (cerca de duas horas e meia de duração), ele é muito lento. E só começa a ficar interessante depois da primeira hora, que é quando acontece o reencontro de Gatsby (Redford) com Daisy (Mia Farrow).

Até então, o filme se arrasta no contato entre Nick, o personagem de Sam Waterston, e sua prima Daisy e seu marido Tom (Bruce Dern). Nick é os olhos do espectador. É através dele que entramos em contato com os personagens, inclusive com o misterioso Gatsby, de quem é vizinho, mas que pouco sabe a respeito. Só sabe que ele tem dinheiro suficiente para, em plena depressão americana, dar festas milionárias em sua mansão.

Aliás, essa obsessão pelo dinheiro está muito presente no filme. Há uma cena, em particular, que me incomodou bastante, que é a de Gatsby mostrando sua coleção de camisas, jogando-as como se fossem ouro. Em seguida, Daisy começa a cheirar e se emocionar, agarrada com uma dessas camisas, dizendo nunca ter visto tantas e tão belas. De qualquer maneira, é algo que provavelmente está no romance de F. Scott Fitzgerald e que também estará na versão de Luhrmann.

Outra coisa também bastante presente no filme é o brilho cristalino, que aparece principalmente nos olhos da personagem de Mia Farrow, mas que também se vê em taças de cristal ou joias, isto é, objetos usados para enfatizar o poder do dinheiro.

Porém, o mais importante do filme, sua espinha dorsal, está mesmo no romance proibido entre Gatsby e Daisy. O marido de Daisy já se mostra um sujeito sem escrúpulos, e não apenas porque trai a mulher com outra, mas pelo seu comportamento e opiniões nazi-fascistas. Assim, é fácil entender e torcer (ainda que pouco) por Gatsby, por mais que as cenas românticas não sejam exatamente animadoras.

O GRANDE GATSBY tem cara desses filmes feitos para ser indicado ao Oscar, mas, como estrelou nos Estados Unidos num mês de março, é pouco provável que tenha sido essa a intenção. Curiosamente, o roteirista do filme é Francis Ford Coppola, duplamente premiado por O PODEROSO CHEFÃO e O PODEROSO CHEFÃO – PARTE II. Provavelmente, se fosse ele o diretor do filme, o resultado teria saído muito melhor. Mas ele devia estar ocupado com a saga dos Corleone.

Confesso que fiquei curioso para ler o romance e ver até que ponto algumas decisões que o filme toma foram pensadas por causa da obra literária. De todo modo, O GRANDE GATSBY requer um pouco de paciência por parte do espectador, para poder passar por sua duração longa e seu andamento lento. Fica também a impressão de que a tentativa dos cineastas da Nova Hollywood de emular o cinema europeu, ainda que sem se desfazer da decupagem clássica, nem sempre era uma boa ideia.

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