quarta-feira, maio 22, 2013

ADEUS, MINHA RAINHA (Les Adieux à la Reine)


Histórias cujo final a gente já sabe muitas vezes trazem ainda mais suspense do que aquelas cujo final não sabemos. Por exemplo, ADEUS, MINHA RAINHA (2012), de Benoît Jacquot, conta uma história cujo final, pelo menos o final que a História com "H" maiúsculo conta, já é conhecida. Já sabemos que Maria Antonieta será degolada durante a Revolução Francesa. Mas o filme de Jacquot não procura focar no drama da personagem histórica, mas usá-la quase como um pano de fundo para a personagem principal, a jovem Agathe-Sidonie Laborde (Léa Seydoux), uma das leitoras oficiais e mais queridas da rainha.

O que não quer dizer que a proposta de Jacquot seja de um desligamento com a História, como foi mais ou menos o caso de MARIA ANTONIETA, de Sofia Coppola, que misturava a já tradicional melancolia da diretora com um aspecto mais irreverente, ao colocar uma trilha sonora rock e uma ligação da personagem histórica com as personas encontradas em suas obras. Na verdade, há sim a intenção de nos colocar naquele momento histórico, inclusive, com a utilização das datas que servem para mostrar o quão próximo está o fatídico dia.

A Maria Antonieta de Jacquot é vivida pela atriz alemã Diane Kruger, hoje mais conhecida pelos filmes hollywoodianos. Ela é uma rainha triste, principalmente pelo amor que sente por Gabrielle de Polignac (Virginie Ledoyen), amor que ela confessa para sua leitora favorita, que também nutre um sentimento que vai além do mero respeito pela Rainha. O rei Luis XVI, no caso, mal aparece.

No entanto, embora não possamos ver nenhuma movimentação de Bastilha ou de Paris, o que ocorre no Castelo de Versalhes já é suficiente para construir uma atmosfera de inquietação bem forte. Uma inquietação que se transforma em suspense em seus momentos finais, com o anúncio da lista das cabeças que serão decepadas pelos revolucionários.

Mas, embora esse suspense seja um ponto forte do filme, há também outros aspectos que o elevam a uma das melhores produções francesas dos últimos anos, como a bela reconstituição de época, com figurinos e direção de arte muito bem trabalhados, e, principalmente, o modo delicado como Jacquot aponta os sentimentos da personagem de Léa Seydoux. O uso de close-ups para mostrar os sentimentos de contentamento, preocupação, raiva ou tristeza da personagem parece querer dizer o quanto uma câmera nasceu para uma bela e talentosa atriz e vice-versa.

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