sábado, abril 13, 2013

PILOTO DE PROVAS (Test Pilot)























Se não fosse essa retomada de mais alguns filmes de Howard Hawks que resolvi fazer por "culpa" da Liga, não teria dado com esta belezura que é PILOTO DE PROVAS (1938), de Victor Fleming, cujo roteiro passou pela mão de Hawks e que não foi creditado. Uma pena, pois é a cara dele. Tanto a exaltação da amizade masculina, quanto a coragem deles de pilotar aqueles teco-tecos antigos, quanto a figura da mulher espevitada e encantadora, bem como o diálogo rápido que seria sua marca e que atingiria o ápice em JEJUM DE AMOR (1940), tudo isso é marca de Hawks. Sem querer negar o talento de Fleming, foi Hawks que imprimiu sua marca, não ele.

Mas pelo menos Fleming conduziu o filme muito bem, além de ter servido para aumentar a amizade que ele tinha com Clark Gable, que o chamaria para ser o diretor definitivo da dança de cineastas que foi a produção de E O VENTO LEVOU (1939). Gable, nos anos 30, era uma espécie de rei de Hollywood, e falam bastante de brigas de ego entre ele e Spencer Tracy, que reclamava que já estava cansado de fazer escada para os outros astros. E Tracy sabia que PILOTO DE PROVAS era mais um filme para abrilhantar a estrela de Gable.

O barato do filme é que ele equilibra bem a leveza das screwball comedies que Hawks soube fazer tão bem com a tensão dos filmes de aviação, já que trata de pilotos que faziam testes para os aviões que ainda seriam usados em caráter oficial por civis e militares. Assim, o perigo era tremendo. E há várias cenas bem tensas no ar, muito bem dirigidas e quase sem uso da música, o que só aumenta a tensão. A cena em que, por exemplo, um dos aviões perde as asas durante a descida forçada é perturbadora.

E assim como o filme lida tão bem com a amizade entre Jim (Gable) e Gunner (Tracy), o relacionamento amoroso de Jim e Ann (a adorável Myrna Loy, de OS MELHORES ANOS DE NOSSAS VIDAS) é o que torna a trama no início agradável e leve, mas que aos poucos acaba sendo motivo para mais preocupação, por causa do trabalho perigoso de Jim. Também é muito interessante a rapidez com que tudo é feito pelos personagens, como se a vida tivesse mesmo que ser vivida como se fosse o último instante. Assim, o casamento dos dois é rápido, a vida deles é delirantemente rápida e o próprio chefe de Jim, vivido pelo mais do que simpático Lionel Barrymore, entende perfeitamente as atitudes impulsivas de seu protegido.

A cena mais dramática provavelmente teria sido feita de maneira diferente se fosse dirigida por Hawks, como podemos comprovar em um filme de aviação que Hawks dirigiu no ano seguinte, a obra-prima PARAÍSO INFERNAL (1939). Mas isso não diminui a beleza e o vigor de PILOTO DE PROVAS.

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