sábado, março 16, 2013

VOLÚPIA DE MULHER























Uma das maiores vantagens dos filmes eróticos produzidos na Boca do Lixo nos anos 80, em relação ao anos 70, é que se podia ser muito mais ousado no quesito "voltagem erótica". E isso pode muito bem ser sentido em VOLÚPIA DE MULHER (1984), um filme já próximo no tempo da decadência da Boca com a chegada dos filmes de sexo explícito, que viriam a ser os principais responsáveis pela falência da indústria. O diretor chinês John Doo, só pelo genial segmento “O Gafanhoto”, presente no coletivo PORNÔ! (1981), já merecia o nosso respeito, mas ele tem 13 títulos como diretor, seja só como diretor de um segmento num desses filmes "3 em 1", seja como diretor de um longa-metragem inteiro.

E que sorte que VOLÚPIA DE MULHER caiu na rede numa qualidade bem superior à geralmente encontrada no que se refere a filmes brasileiros da Boca, que quase sempre perdem na telecinagem. No caso desse trabalho de Doo, o filme está bonitinho, com sua janela em 1,66:1 e imagem muito boa, para que possamos apreciar melhor os corpos lindos de Vanessa Alves, Helena Ramos e outras coadjuvantes menos conhecidas, mas que têm o seu momento de briho.

O roteiro, escrito por Ody Fraga, não chega a ser brilhante, mas junto com a direção competente de Doo, faz um trabalho redondinho e com cenas de sexo realmente excitantes, que não envelheceram mal com o tempo. A primeira cena, com Vanessa no rio com o namorado, já mostra a que veio. Doo consegue depois unir a trama com os demais personagens, seja o travesti Lili Marlene (Romeu de Freitas), a médica vivida por Helena Ramos e o seu namorado pintor, vivido por André Loureiro.

O tal pintor tem sonhos com uma moça com um rosto perfeito e por isso vive pintando modelos nuas em sua casa, mas elas nunca são o que ele realmente deseja. Porém uma delas fica tão à vontade em estar nua e está louca para dar para o pintor que isso acaba rendendo um dos momentos de maior voltagem do filme. Mas o sonho do pintor está em Cristina, a personagem de Vanessa. É ela a garota com rosto de anjo mas com as marcas do sofrimento da vida que ele tanto deseja.

O final não é dos melhores, destoando um pouco do início e do desenvolvimento, que são mais bem cuidados. Claro que não dá para pedir ao filme excelência estética ou querer inovação artística. Mas do jeito que está, por mais que algumas sequências até sejam de gosto duvidoso, como a visão do pintor de Vanessa correndo na praia com os seios de fora, VOLÚPIA DE MULHER é um filme que vale ser descoberto, sim.

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