sexta-feira, março 08, 2013

POR AMOR OU POR VINGANÇA (La Moglie Più Bella)























Faleceu ontem um dos grandes cineastas do cinema italiano, Damiano Damiani, aos 90 anos. Damiani deixou uma obra com mais de 30 títulos, de gêneros bem diversificados, como a tradicional comédia italiana (INFIDELIDADE À ITALIANA, 1963), o drama existencial (VIDAS VAZIAS, 1963), o western spaghetti (UMA BALA PARA O GENERAL, 1966; TRINITY E SEUS COMPANHEIROS, 1975); o thriller (O DIA DA CORUJA, 1968); o drama de máfia (CONFISSÕES DE UM COMISSÁRIO DE POLÍCIA, 1971); o horror (AMYTIVILLE 2 – A POSSESSÃO, 1982); e um filme angustiante e belo como este POR AMOR OU POR VINGANÇA (1970), que eu só tive o prazer de ver ontem à noite, em homenagem ao mestre.

O filme marca a estreia nas telas de uma das mais belas atrizes do mundo: Ornella Mutti. Aliás, ainda em 1994, ela chegou a ser eleita a mulher mais bonita do mundo, pela revista Class. Em POR AMOR OU POR VINGANÇA, ela tinha apenas 14 anos de idade, era uma modelo infantil e já mostrou nas telas não apenas a beleza, mas também uma força feminina que seria uma característica de várias de suas personagens. Woody Allen fez-lhe uma pequena homenagem ao dá-la um pequeno papel em PARA ROMA COM AMOR, no ano passado.

Em POR AMOR OU POR VINGANÇA, ela é uma jovem filha de camponeses, pobre, que é assediada por um jovem líder de uma família de mafiosos da região. O rapaz, de nome Vito (Alessio Orano), fica responsável pelos negócios da família enquanto o seu mentor está na cadeia. Um dos conselhos do velho é que ele se case, de preferência com uma jovem pobre e honesta. A adolescente Francesca (Ornella) foi a sua escolhida. Para espantar o outro pretendente, ele faz do jeito que um mafioso italiano clássico faria.

A garota se apaixona por ele, mas não é de modo algum submissa. Isso faz com que Vito tome algumas atitudes machistas que só pioram a situação. POR AMOR OU POR VINGANÇA é quase um libelo feminista. Se não fosse pela sequência final, angustiante e triste, daria para encarar o filme como sendo uma obra de redenção, de vitória dos mais fracos perante a opressão do mais forte; da justiça perante a desonestidade. Porém, o jovem Vito não é de todo mal, tem um carisma e uma simpatia próprias. E isso faz a diferença.

Damiani nos presenteia com um conto moral sobre os relacionamentos entre homem e mulher, sobre dominação e submissão, e principalmente sobre a resistência e a coragem de uma moça. Tudo isso em uma sociedade bastante conservadora. E com as tintas trágicas que os italianos sabem tão bem lidar.

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