terça-feira, março 26, 2013
FIG LEAVES
Uma iniciativa interessante da Liga dos Blogues Cinematográficos é fazer um ranking em homenagem a Howard Hawks, um dos cineastas mais queridos da casa. Então, aprovei a oportunidade para pegar alguns filmes dele que só consegui cópia depois da primeira (ou segunda) peregrinação pela sua obra. Uso muito o termo peregrinação, mas o termo lembra uma espécie de sofrimento, o que não é bem o caso em se tratando de acompanhar a obra de cineastas queridos. Assim, começo com o filme mais antigo dele existente, FIG LEAVES (1926), já que o anterior, CAMINHO DA GLÓRIA (1926), se perdeu. Uma pena.
Conhecendo o trabalho posterior de Hawks é fácil identificar alguns temas que seriam recorrentes em sua obra e que já aparecem de maneira bruta neste FIG LEAVES, uma comédia que tem a cara das screwball comedies da década seguinte, e por isso mesmo sentimos uma falta enorme do som. Ainda mais porque Hawks foi praticamente o criador dos diálogos sobrepostos em Hollywood, coisa que as limitações técnicas da época não permitiam.
O filme começa de maneira muito divertida, mostrando Adão e Eva em casa, conversando como um casal normal, enquanto o marido se prepara para ir ao trabalho. Eva deseja um vestido e o Adão tenta resistir aos seus pedidos e gastos, que para ele são desnecessários. O dinossauro que aparece levando um carro com um grupo de pessoas, apoiado com rodinhas de pedra, lembra muito os Flintstones. Assim, embora apareça uma tosca serpente para tentar Eva e fazer com que o filme salte para o início do século XX, Hawks não se preocupou muito em criar algo próximo do registro bíblico.
Para ele o que interessa é a guerra dos sexos e uma visão mais ousada da mulher, mais livre e independente, como geralmente são as mulheres nos filmes do diretor, mulheres que tomam a iniciativa. Nos loucos anos 20, era das vanguardas, em que o feminismo começava a se afirmar, nada mais comum do que encontrar apoio em um diretor como Hawks.
Uma pena que o filme quando passa para o século XX deixe de ser tão divertido como estava em seu prólogo nos tempos de Adão e Eva. Mas a ideia é talvez mostrar que as coisas não mudaram muito entre homens e mulheres. E quem sabe até seja uma visão um tanto machista essa de achar que as mulheres estão sempre querendo comprar mais e mais vestidos, que dizem sempre que não tem o que vestir etc. Bom, talvez não machista, mas uma visão masculina, já que machismo e Howard Hawks são coisas que definitivamente não combinam.
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