quarta-feira, janeiro 23, 2013
CIDADE DO VÍCIO (The Phenix City Story)
Dentre os vários filmes citados por Martin Scorsese em seu documentário UMA VIAGEM PESSOAL ATRAVÉS DO CINEMA AMERICANO, um dos que me chamou a atenção foi este CIDADE DO VÍCIO (1955), de Phil Karlson. Já é um filme da fase tardia do cinema noir, e, portanto, tem algumas novidades que não se veem nos filmes da década de 1940. A própria introdução, com um repórter entrevistando moradores da cidade de Phenix, como num documentário, e dizendo o quanto ela é contaminada e dominada pela máfia, é algo, se não completamente novo, pelo menos diferente do habitual. Não custa lembrar que Orson Welles iniciou o seu CIDADÃO KANE com um relativamente longo "documentário" em 1941.
Na verdade, CIDADE DO VÍCIO foi citado muito superficialmente no documentário de Scorsese. E no livro só consta o título e uma pequena foto, além da afirmação da obscuridade do filme para as plateias de hoje. Hoje em dia, chega a ser relativo falar em filme obscuro. Obscuro pra quem? O fato é que, dada a fixação de Scorsese por violência, não é de estranhar ele ter citado CIDADE DO VÍCIO, que é um filme que guarda as características dos filmes policiais B produzidos em Hollywood, tais como a rapidez com que a história é contada, os diálogos simples e dinâmicos e o elenco pouco conhecido.
Demorei um pouco a entrar no clima. No começo, o filme não me pegou, mas aos poucos, até pela rapidez com que a história é desenvolvida, me vi tão incomodado quanto os personagens que sofrem com a maldade dos vilões. Creio que o filme engrena mesmo quando entra em cena o filho do promotor. CIDADE DO VÍCIO hoje pode até parecer um tanto moralista, mas, uma vez que vemos as ações criminosas e covardes dos bandidos, fica difícil não alimentar uma vontade de executá-los. E o filme fala disso também: da necessidade de agir conforme a lei. Até porque, por mais que alguns títulos da década de 50 fossem transgressores, ainda havia certas regras.
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