quinta-feira, setembro 27, 2012

QUATRO LONGAS EXIBIDOS EM GRAMADO



Uma das principais reclamações em Gramado era a baixa qualidade dos filmes da Mostra Competitiva Estrangeira. E de fato, assistir a esses filmes era o que havia de mais chato nas noites de competição. Muito provavelmente isso ocorreu porque poucos filmes estrangeiros viram Gramado como uma boa vitrine para seus trabalhos. Dos cinco títulos exibidos nessa mostra, o único que não vi até o fim foi o uruguaio ARTIGAS, LA REDOTA, de Cesar Charlone. Justamente o filme que mais ganhou prêmios. Até porque não havia concorrentes de peso para batê-lo. Desisti de ver o filme pois não estava entendendo o enredo, muito por causa de minha ignorância na História de nossos vizinhos e do Rio Grande do Sul. O que compromete bastante, no caso de um filme que se recusa a ser minimamente didático. Enfim, seria o caso de uma revisão, ou melhor, uma apreciação pra valer, já que se eu não vi completo, então não conta. Os que contam são esses abaixo.

DIEZ VECES VENCEREMOS

A produção é argentina, mas se passa principalmente em território chileno e a preocupação de DIEZ VECES VENCEREMOS (2012), de Cristian Jure, é na causa dos descendentes de uma tribo indígena do território do Chile, a dos índios mapuches. O filme centra na figura de um rapaz mapuche, Pichún, que defendeu a causa de seus ancestrais, aproveitando o fato de ter se graduado em Jornalismo em Buenos Aires, e de ter, portanto, mais desenvoltura para defender os direitos de sua comunidade. O documentário ganha ares de ficção, graças à estrutura montada. O título do filme parece guardar algo de otimista, mas no fim das contas fica o amargo de saber que os mapuches têm pouquíssima chance de sobreviverem aos anos.

LEONTINA 

Filme chileno bem moderrento, LEONTINA (2012) é um tributo de um neto, o diretor Boris Peters, a sua avó, a Dona Leontina do título. Ele procura, em seu uso da narrativa bem lenta e de uma insistente e chata trilha sonora suave, convidar o espectador a refletir sobre a beleza da velhice. A própria Leontina se expõe fisicamente, com cena dela nua, numa banheira, as tantas rugas de seu corpo em destaque. Pode ser que alguém goste, mas a maioria dos críticos que estavam em Gramado achou o filme interminável, mesmo tendo só 70 minutos de duração. Ganhou o prêmio de melhor fotografia.

VINCI 

Quase um teatro filmado, se não fosse o uso dos closes e outras técnicas cinematográficas, o cubano VINCI (2012), de Eduardo Del Llano, se passa totalmente dentro de quatro paredes. Na trama, o jovem Leonardo Da Vinci é preso e colocado num calabouço junto com um ladrão e um assassino. Os homens, a princípio, querem se aproveitar sexualmente do jovem rapaz, que têm uma aparência delicada. Mas aos poucos, com sua cultura e inteligência, o jovem Leonardo passa a ganhar a amizade e a admiração dos dois detentos. Ganhou o prêmio de melhor roteiro e uma menção especial de trilha sonora.

CALAFATE, ZOOLÓGICOS HUMANOS

O melhor dos quatro filmes, o chileno CALAFATE, ZOOLÓGICOS HUMANOS (2011, foto), de Hans Mülchi Bremer, é um documentário que acompanha os descendentes de grupos indígenas que no final do século XIX foram levados por europeus para serem exibidos como aberrações em circos. Como aqueles vistos em VÊNUS NEGRA e em HOMEM-ELEFANTE. O diretor acompanha o antropólogo Peter Mason e o historiador Christian Báez na tentativa de trazer de volta os restos mortais de cinco kawésqar, guardados para estudos científicos em uma universidade em Zurique. 125 anos, eles tinham sido exibidos famintos, doentes e moribundos. Embora possa parecer um documentário para televisão, é bem interessante e tocante.

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