sexta-feira, setembro 14, 2012
E A VIDA CONTINUA...
Quando se pensava que o hype dos filmes espíritas tinha se esgotado com o fraco O FILME DOS ESPÍRITOS, exibido no ano passado, eis que mais uma produção kardecista chega às telas: E A VIDA CONTINUA... (2012), de Paulo Figueiredo. O diretor, curiosamente, já havia dirigido um filme com essa temática alguns anos atrás, o pouco lembrado O MÉDIUM (1983). O novo trabalho é baseado no best-seller homônimo do espírito André Luiz, psicografado por Chico Xavier. Trata-se de uma produção da Versátil Digital Filmes e acredita-se que encontrará o seu público, pela semelhança que guarda com NOSSO LAR (2010), de Wagner de Assis. No entanto, E A VIDA CONTINUA... é uma produção bem mais modesta, não tem os efeitos especiais milionários de seu antecessor.
É também um filme bastante problemático se for analisado como cinema. As atuações não são boas, a montagem é cheia de saltos bruscos, a direção parece de filme para televisão, a fotografia não é suficientemente nítida para uma exibição na telona e os diálogos não soam naturais. Mas uma vez que se entenda a proposta do filme, até que ele não se sai tão mal e tem um enredo bem interessante e que prende a atenção até o fim, o que não deixa de ser um mérito. Muito desse interesse que o filme proporciona vem do próprio assunto. "De onde viemos" e "para onde vamos" são duas perguntas que muitos filósofos até hoje se perguntam ou até já desistiram de procurar saber. E é nessa lacuna que entra o Espiritismo Kardecista para responder essas e outras perguntas.
E A VIDA CONTINUA... fala de algo que os outros filmes não destacaram: não existe acaso; tudo o que acontece tem a sua razão de ser. Na trama, a jovem Evelina (Amanda Acosta) está com o carro quebrado na estrada quando é socorrida por um senhor gentil chamado Ernesto (Luiz Baccelli). Mais tarde, os dois se encontram no mesmo hotel e vão passar por cirurgias complicadas. Ernesto já se mostra um buscador da verdade e acredita que não existem coincidências. Já Evelina prefere não pensar muito nessas coisas e diz seguir direitinho os dogmas da Igreja Católica. Nem é preciso ser muito gênio para saber que os dois vão morrer na cirurgia e se encontrarão em um outro lugar.
O filme possui várias semelhanças com NOSSO LAR, nesse sentido, ao mostrar tanto o lugar onde as pessoas que desencarnaram vão, caso de Evelina e Ernesto, como também um pouco do lado mais sombrio do pós-morte. Há também momentos bem didáticos, especialmente quando entra em cena o personagem de Lima Duarte, que é uma espécie de mestre guia dos espíritos. E A VIDA CONTINUA.. funciona, portanto, como uma aula do Espiritismo Kardecista. Ainda não responde a todas as perguntas, mas elas são muitas para um filme de menos de 100 minutos. E como os médicos e enfermeiros fazem questão de deixar claro: cada resposta no seu devido momento.