sábado, julho 28, 2012

LUCK



A palavra "sorte" geralmente é associada a algo positivo. Mas na verdade há a boa sorte e a má sorte. E provavelmente foi essa última que chegou para incomodar a produção de LUCK (2011-2012), a série produzida por Michael Mann (que dirigiu o piloto) e David Milch, criador também de DEADWOOD (2004-2006) e JOHN FROM CINCINNATI (2007). A má sorte em torno de LUCK se deu por causa da morte de quatro cavalos durante as filmagens. A sociedade protetora dos animais, as redes sociais e outros grupos acabaram pressionando até que a série acabou antes do planejado, com nove episódios da primeira temporada e dois da segunda temporada que permaneceram inéditos.

Confesso que nunca fui fã da série. Nem mesmo o piloto dirigido por Michael Mann me entusiasmou. Claro que há aquele visual lindo, as cores são fantásticas, especialmente quando o filme se concentra na corrida de cavalos, mas os personagens parecem ter sempre aquela cara de tédio. Nem mesmo o grupo de apostadores que tem um rapaz com o dom de apostar matematicamente e quase sempre ganhar, para depois torrar tudo em jogo nos cassinos, parece ser feliz. Um deles, inclusive, além de paraplégico, sofre com problemas de respiração e vive tomando oxigênio constantemente.

Além do mais, a cara de bocó de Dustin Hoffman e sua trama complicada e arrastada meio que sintetizam o tom geral da série, embora outros núcleos sejam mais interessantes. Mas não o suficiente para tornar a série suficientemente atraente. Pelo que eu vi de DEADWOOD e de JOHN FROM CINCINNATI, esse parece ser um problema das criações de David Milch. DEADWOOD, não consegui acompanhar uma temporada completa; e JOHN FROM CINCINNATI, eu só vi até o fim a única temporada, pois sabia que era a única. Mesmo caso de LUCK, que só resolvi ver completa pois soube de seu cancelamento. Ainda assim, vi os episódios com um espaçamento longo, sem muita vontade.

Certa vez, para tentar me localizar na trama cheia de personagens, resolvi anotar seus nomes e suas características. Acabei perdendo as anotações, mas creio que isso me ajudou um pouco a entender a lógica das subtramas, mas não me ajudou a gostar da série. Curiosos, no entanto, os últimos dois episódios, que foram feitos com um pouquinho mais de pressa e talvez seguindo um caminho diferente do esperado. A trama do personagem de Dustin Hoffman explicitou os ares de filme de gângster, com direito a violência brutal.

Talvez os personagens mais simpáticos, embora curiosamente sejam um tanto antipáticos, são os de John Ortiz e Nick Nolte, sempre preocupados com seus cavalos e a performance de suas corridas. Nolte quase não fala; muitas vezes resmunga. Mas é um grande ator e soube dar vida ao personagem. E curiosamente LUCK não é uma série que apela para o sexo e a violência, que são características das séries da HBO. Pelo visto, Milch não quis fazer essas concessões, preferindo fazer a série do seu jeito. Teve que pagar o preço por isso. E também pela morte dos cavalos.