terça-feira, abril 10, 2012
XINGU
E aos poucos Cao Hamburger vai passando de um cinema infantil para um cinema adulto. Depois de CASTELO RÁ-TIM-BUM, O FILME (1999), que era claramente direcionado ao público infantil, e de O ANO EM QUE MEUS PAIS SAÍRAM DE FÉRIAS (2006), que não era para crianças, mas que mostrava uma narrativa do ponto de vista de um garotinho, embora fosse de natureza política, ele retorna com XINGU (2012). Como uma linha que vai costurando um tecido, dessa vez ele segue a temática política, mas não sem deixar de lado a aventura. No caso, a aventura dos irmãos Villas Bôas, os principais responsáveis por criar o Parque Nacional do Xingu, uma extensa área na região central do Brasil que abriga várias tribos remanescentes e sobreviventes dos massacres que sofreram os povos indígenas no Brasil.
XINGU não enrola muito e já mostra os dois primeiros irmãos, Cláudio e Leonardo, vividos por João Miguel e Caio Blat, respectivamente, a chegar no projeto que intenciona desbravar uma área até então virgem do território brasileiro, no começo dos anos 1940. Eles se fazem de peões para ingressar no grupo e também chamar o terceiro irmão, Orlando (Felipe Camargo). Aos poucos, os irmãos, devido à instrução diferenciada, tornam-se líderes do grupo, principalmente quando eles passam a fazer contato com a primeira tribo indígena que conhecem.
O filme traz algo de romântico ao apresentar o índio para as novas plateias. Esse sentimento ajuda a explicar a associação do índio com o romantismo, a escola literária que predominou no século XIX. Há momentos bem intensos, como quando os irmãos partem para resgatar um grupo de índios que estavam sendo explorados e assassinados por brancos seringueiros. Outro momento interessante é quando o próprio Cláudio, ao apresentar uma família de outra tribo para a tribo grande, diz que eles não são os inimigos: o inimigo é o branco. Naquele momento, ele já havia assumido totalmente a causa dos índios, nem que para isso tivesse que entrar em guerra com outros brancos invasores.
Pode-se dizer que XINGU poderia ser melhor, mas talvez ainda falte na filmografia de Hamburger uma obra poderosa o suficiente para arrebatar os corações ou fazer outro tipo de estrago. Mas não reclamemos. XINGU é um bom filme.
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