quarta-feira, abril 04, 2012
A ÁRVORE DO AMOR (Shan Zha Shu Zhi Lian)
Zhang Yimou não precisa provar mais nada para ninguém depois de ter realizado as obras-primas TEMPOS DE VIVER (1994) e O CLÃ DAS ADAGAS VOADORAS (2004), dois filmes totalmente distintos e separados por uma década. Dentro da grande ilha chinesa, ele é o principal e mais importante nome e, ainda que tenha feito três filmes de artes marciais, o que o tornou famoso para o mundo foram mesmo seus melodramas. Alguns são tão carregados nas tintas que muita gente desgosta.
Talvez seja o caso de A ÁRVORE DO AMOR (2010), filme que narra o romance de um rapaz e uma moça na década de 1960, tempo do estabelecimento da Revolução Cultural de Mao Tsé-Tung. Yimou não se furta a fazer suas críticas ao governo, mas isso acaba servindo como pano de fundo, como mais um obstáculo para o romance de Jing e Sun. As dificuldades financeiras da jovem Jing são mostradas também como pedras no caminho, assim como as convenções sociais. Ela era muito jovem para namorar o bem intencionado Sun. Mas ele não desiste dela. E nem ela quer que ele faça isso.
O momento mais belo do filme ocorre quando a mãe de Jing, depois que descobre o romance secreto dos dois, pede para que ele passe um ano sem vê-la. Os dois ficam arrasadoramente tristes, mas dizem que irão obedecê-la. Ele, inclusive, diz que esperaria a sua vida inteira por ela. Lembrei, nesse momento, daquele lindo soneto de Camões sobre o amor de Jacó por Raquel.
Na continuação dessa sequência, ele pede para, antes de ir embora, trocar as bandagens dos pés de Jing, que estava com queimaduras provocadas pela cal. O choro dos dois nesse momento de despedida, a delicadeza com que Yimou trata esta cena, já faz valer o filme, embora mais emoções ainda surjam. A ÁRVORE DO AMOR conta com passagens escritas indicando a passagem do tempo e acrescentando alguma informação extra. Isso faz com que o filme se aproxime de uma narrativa literária de linha clássica.
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