quarta-feira, fevereiro 15, 2012
UM SONHO DE AMOR (Io Sono l'Amore)
Quando UM SONHO DE AMOR (2009), de Luca Guadagnino, começa, a primeira impressão que temos é de sermos jogados num universo frio e cheio de personagens estranhos, ainda por serem descobertos, em sua maioria antipáticos. A certeza que se tem é a de que Tilda Swinton representará o papel de protagonista dessa trama de desconstrução familiar. Ela é uma expatriada russa casada com um homem rico de uma tradicional família de Milão. Assim como os personagens, o filme também possui algo de estranho. E ao chegarmos ao seu final, essa impressão persiste, mesmo já se tendo conhecido o drama dos personagens.
O eixo central do filme é a história de amor entre Emma, a personagem de Swinton, e o cozinheiro Antonio, o melhor amigo de seu filho, vivido por Edoardo Gabbriellini. Embora haja uma subtrama interessante da filha de Emma que mora no exterior, o filme foca mesmo é na relação dessa mulher mais velha, quase aristocrática, com o jovem rapaz plebeu. E UM SONHO DE AMOR narra isso de maneira bem elegante, muitas vezes remetendo ao cinema de Luchino Visconti, com o gosto e a atenção para os detalhes de uma casa luxuosa. O bucolismo passa a predominar quando Emma passa a se encontrar com Antonio.
Mais uma vez, Tilda Swinton escolhe uma produção pouco usual. E em UM SONHO DE AMOR ela entrou de cabeça, sendo inclusive também produtora do filme. Seu jeito meio estranho já se mostrava bastante visível desde os tempos de ORLANDO. Ou até antes, na década de 1980. Quanto a UM SONHO DE AMOR, talvez o problema do filme esteja no fato de que, de tanto querer ser sofisticado, acaba se tornado frio demais. As emoções que ele tenta passar não envolvem. O final, um tanto operístico, é que acaba ganhando pontos pela originalidade. Mas, no geral, o filme vai desaparecendo na memória afetiva. Até porque ele pouco teve espaço nessa memória durante a projeção.
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