segunda-feira, dezembro 12, 2011

O BOM PASTOR (Going My Way)



Acho que, dos filmes de Leo McCarey, O BOM PASTOR (1944) foi o que mais me decepcionou. É impressionante a distância que se vê entre ele e a sua continuação, a obra-prima OS SINOS DE SANTA MARIA (1945), que eu considero um dos filmes mais tocantes de seu tempo. O BOM PASTOR, além de ter envelhecido mal, não tem uma Ingrid Bergman para ajudar a compor um quadro mais bonito. Temos o mesmo padre Chuck O'Malley do filme de 45, mas talvez a mudança de roteiristas tenha feito a diferença entre um trabalho e outro.

Em O BOM PASTOR, que privilegia mais os personagens do que o enredo, Bing Crosby é o padre Chucky, que chega a uma paróquia para substituir um velho padre que está há 45 anos tomando de conta da mesma igreja, que está passando por sérios problemas financeiros. A ideia é apresentar-se na igreja sem que o velho saiba que ele será o líder. O filme mostra as boas ações do jovem padre, o fato de ele não ter dinheiro (e de isso ser visto como algo nobre), uma mulher do passado, o seu relacionamento com o velho padre, com os garotos levados do bairro que ele consegue levar para formar um coral, entre outras coisas que mostram a bondade de O'Malley e o seu jeito mais progressista e alegre de ser.

E para uma década cujo gênero mais explorado em Hollywood foi o film noir, até que O BOM PASTOR nadou contra a maré. Talvez porque fossem necessários esses filmes para toda a família. Talvez porque a Igreja Católica seja forte o suficiente para se destacar mais no cinema americano do que a igreja protestante. A igreja mostrada no filme é a derivada dos irlandeses e não dos italianos. Curiosamente, nos filmes, os membros das duas nacionalidades são vistos também como contrabandistas ou criminosos.

Uma coisa que me incomodou bastante foram as sequências musicais fracas. Para que colocar o trecho mais conhecido da ópera "Carmen", de Bizet, e de maneira tão apagada? Só para apresentar para os americanos? E por que a canção-título é tão ruim e é mostrada no filme como ótima e ainda é cantada duas vezes? A cena de "Ave Maria", com o coro dos meninos, é até boa, mas nesse momento o filme já havia perdido a graça e o encanto que poderia ter. E que talvez até ainda tenha para alguns de seus admiradores. Pra mim, não passou de um filme careta e sem força.

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